domingo, 23 de agosto de 2009

O ROMANCE V.

Artur sai de seu apartamento, correndo para a universidade, chegando no prédio procura o núcleo de ciências sociais, chegando lá se reúne com os alunos, pega a ementa do dia e sabe das aulas que vai dar, na sala dos professores sente um ranço de mediocridade subserviente, todos ... inclusive o próprio Artur via um misto de sinceridade e indignação em seu trabalho. Professores reclamando, alunos bajulando (...) Artur se encontrava cheio de tudo aquilo, mas ainda gostava de seu trabalho. Apesar do dia mal pago e do trabalho acumulado ainda se podia ver os frutos daquele trabalho, via-se pessoas transformadas pela educação.

Chega em sala de aula, atrapalhado, com uma roupa cinzenta escreve conceitos no quadro vive a deliberar conceitos e a debater com os alunos.
um Marxista ortodoxo, grita ao fundo - Não é bem assim professor! - Não concordo.
- como não ! estou explicando, as questões seguem na pauta do curso, concordar ou não é importante, mas acredito que seria outra discussão.
- Mas professor não interessa, eu quero saber sobre a situação Latino Americana, nós queremos cuspir na praga pregada na cruz chamada capitalismo! estamos cheios disso.
-Artur, delicadamente, diz: bom estou explicitando a teoria e vá com calma garoto, é apenas o primeiro período, ainda tem muito debate, colóquios ... quem sabe um dia... faça o que quiser, pouco me importa se no mundo há intelectuais de direita e de esqueda.
- com licença pessoal!
_ Artur sai pra fumar um cigarro, e fica no corredor se perguntando, como pudera estar até hoje emfurnado nessa universidade, seria o momento de tirar férias e terminar seu romance, leva esse intento tão á sério que não pensa duas vezes, ou se discute política e faz doutorado ou se lê o livro do mundo. Esse ranço acadêmico o mata cada dia mais.
-Desde que tudo se torna mercado de trabalho: Educação, religião, conhecimento etc... um título lhe renderá mais frustração ainda. Aquela viajem que desde a graduação fora adiada ... (ahhh) aquela viajem, talvez fosse o momento de pedir uma licença no departamento.
Depois de fumar o cigarro, volta a sala de Aula e diz: - como se chama rapaz?  -  ô comunista ?
- Me chamo Bernardo.
- Milita em algum partido, Bernardo?
- Sim! numa coligação pela América latina, socialismo na América latina. Um partido pequeno mas que vem tomando seu espaço democraticamente.
- Bom, sabe ao menos o que é socialismo?
- Ora, é uma revolução uma inversão da estrutura de uma sociedade ...
- Vago! muito vago. Não acha, simplesmente isso, tenho certeza. escute um poema:

 
Todas as noites batia nas portas, todas as portas se fechavam. Um gringo fedorento ungia em caçoar-me, não me contive, aos berros gritava "sou da América Latina". A cada grito de dor e penúria via minha vida , minha glória, minha família em algum lugar distante. obstante otimismo degenerado dos fracos... ainda tinha meu sarcasmo, mas não havia com quem contar. Foi juntando alguns trocados, como se junta as peças de um quebra cabeça sem peças. Me despedaçava e juntava os cacos de uma realidade adversa. No vácuo da escuridão subjetiva não tinha mais nada além do grito de dor ! " eu sou da América Latina" pertenço a uma família, mesmo que não tenha família, ainda que degradante e esgotado pelas peripécias da vida...eu sou, eu sou... da próspera e linda...
América latina, um dia hei de rever meus últimos dias nessa terra, ainda que seja a última coisa que faça na vida. Socorro! não há alento nesses olhos tristes que consomem muito para atenuar a dor. Não há dor suficiente para esses escárnios de um velho mundo em putrefacção adiantada. Não há norte para nós, nosso norte é ao sul. E este sul está condenado... não podemos culpar ninguém contento comigo mesmo. Meu contentamento é literatura. 


-O garoto empolgado responde, e pelo que lutamos uma virada cujo os exploradores serão explorados e o proletáriado será libertado de suas amarras.
- Poético! poético, mas meu caro Bernardo, você não diz nada, além de repetir um discurso vazio. Desculpe a franqueza, mas Revolução prediz uma mudança de paradigma, pouco importa se é social ou científica ou cultural ... Esse viés binário, esse maniqueísmo entre socialismo e capitalismo é uma compreensão fútil para nossos tempos, devemos compreender melhor a profundidade dos problemas; das mazelas, não sei se isso vai lhe agradar, mas vá com calma! Sou de um tempo em que um mundo melhor era possível e veja em que mundo estamos. - Esse poema escroto é do tempo em que o professor que vos fala queria ser escritor.
Acaba a aula, e o professor Weber sem pesar nenhum pega seus pertences e vai como se nada tivesse acontecido. Faz anos que sua vida se resume nesse movimento, e o pior sua limitação intelectual não lhe permite escrever um romance, fora treinado a preparar aulas e seminários, um acadêmico... nada mais que um acadêmico.
Depois de um dia de trabalho é preciso ir pra casa, o sol se põe,a solidão e cruel... entra em seu carro liga o som e aquela velha canção (...)

uma canção capaz de tocar seu coração, um coração forte ... que esconde no fundo a fraqueza de deixar pra trás mais um dia e viver a existência com louvor. Seus olhos lembram momentos felizes e tristes, lembram Domingos e Sabádos abandonados, lembram dias de paz. Reflete seus olhos no retrovisor e pensa consiguo mesmo: - Viver é lutar sempre, mas não consiguo lutar por tanto tempo uma luta que não parece ser minha, os povos gritam dentro de mim ... e a rotina me faz sentir no que acabo me tornando. Um acadêmico. -Rasgo meu sonho de ser escritor, prefiro viver errante ... Artur convencido, sai de sala de aula deteminadado a não voltar antes que tenha um romance em mãos, não aguenta viver sem inspiração, como poderia escrever? chega em seu velho apartamento com seu cheiro velho de poeira e livros e decide viver a vida.
Liga para rodoviária e reserva uma passagem para São Paulo ...
_ Amanhã de manhã sussurra ao telefone, sente-se feliz abre um litro de vinho, diz em voz alta:
- maravilha estou livre da minha merda de vida! que tal ligar para uma puta? risos, fala consiguo mesmo.
pega o telefone e liga para casas especializadas
-Alô, tudo bem , meu nome é Artur, preciso de uma prostituta bem gostosa, que tenha peitos grandes, e que fale bastante, ah ... que goste de beber...
fazia três meses que tinha terminado seu último relacionamento, as mulheres na vida de Artur não duravam muito tempo ... nem mesmo Artur entendia, mas fato é que não conseguia ser honesto com todas elas embora sempre houvesse uma em especial.
Abre o vinho se embriaga como nunca, um homem livre! grita mais alto! - um homem livre!
eu sou um homem livre, pendura-se na janela do trigessímo andar e grita: Um homem livre!
olha o apartamento da frente a mulher linda, com as pernas torneadas esperando o marido e ainda assim grita - um Homem livre! Caralho! quero trepar de janela aberta!
DING - DONG!
Artur atende a porta, uma loira linda vestida de vermelho, baton roxo, um vestido que dá tonalidade a seus quadris ... uma bunda única, cavada numa calçinha que se via de tão fina cravar seu fim.
- como vai gostosão?
- melhor agora, mas não precisa fazer cena, apenas beba, a casa é sua.
- (risos) Perdão, gato, mas essa casa precisa mesmo de um toque feminino, venha cá, o que você faz da vida.
- sou escritor!
- tem algum livro teu que eu possa ler, escreve sobre o que?
- bom, não tenho livro algum, mas creio que uma prostituta não leria livros meus, desculpe estou ficando bêbado mas é o que penso.
- Então pensa que sou puta por que quero, sei... você lê livros demais pra quem deseja escrever, apesar de gostar da minha profissão, dou apenas para pessoas que estão dispostos a pagar o que meu corpo vale, passei muito tempo estudando pra dar de graça.
- E o que você estudou querida?
- Arquitetura e tive um professor de Ciências sociais, bem parecido com você, muito sério com as alunas, tão profissional que nunca sonhei estar na sala dele hoje.
- A partir de hoje não sou mais professor querida, sou apenas escritor, um escritor sem romance e com muito tesão.
- Sabia que atrás daquele sério professor havia um espírito selvagem ... hum!
- então ela apertou seu corpo contra o meu, rasquei seu vestido, levantei seu corpo contra o meu a coloquei na janela arredei a calçinha fininha comecei a roçar meu ziper e a bater uma siririca pra ela, nem ao menos perguntei seu nome ... abri meu ziper enrabei-a por trás e em frente a janela os vizinhos que se danem! aquela cena poderia chocar mas era minha liberdade que estava em jogo e em meio aos gemidos da prostituda gostosa eu perguntei: - diz seu nome gostosa, diz: Jerusa meu amor! mais forte pro trás... põe mais forte! mais forte! e eu socava com força, a desgraçada gemia e pirava a cada gemido eu pirava mais ainda ... naquele frenezi louco, gritos de tesão e fingimento que seja, eram gritos... inspiração.
DONG DONG!
Jerusa vira-se pra mim e diz: - atende a porta meu bem
- dane-se a porta ...
- mas.. mas...
-cale a boca sua puta, e dei-lhe um tapa na cara...
- seu louco, continua ... desse jeito apaixono por ti.
DONG DONG!
- PORRA! me deixem trepar em paz!
- E a polícia senhor weber...
- vesti a roupa e nem gozei, a desgraça da polícia atrapalhou minha foda ... em minha juventude já tive em situações semelhantes, mas sempre tinha gozado antes.
- Ola em que posso ajudar?
- o senhor está totalmente embriagado, podemos relevar isso, pelo respeito que todos nós temos pelo senhor nessa cidade Professor.
Mas o sexo explícito! houve uma denuncia e viemos confirma-la.
- Nós não entramos por falta de mantado judicial e por se tratar de uma pessoa respeitada na cidade, mas vamos pedir ao senhor e a moça que nos acompanhe até a delegacia.
- Oh merda! vou me vestir, um momento.
Jerusa sua vagabunda, te arruma, vamos pra delegacia.
- olha sou apenas... o policial foi firme nesse momento- você vai a delegacia, lá se explica.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O ROMANCE IV.

Artur acorda de uma ressaca infernal, despede-se dos amigos outrora também de ressaca. Ainda se ouvia Romeu gritando no corredor - Minha cabeça dói; mas quero beber mais! Artur miserável, Artur! bebe meu Whisky e me manda embora! Sempre assim (...) Faço sua diversão e sou descartado. - Ah...ah... você é muito louco, vamos para o bar deixe o Artur, diz Luíz. Então foram embora os amigos e Artur Weber ficara sozinho.
Sentou em frente ao computador, em meio a livros e imbuído de coragem, escreve: Um beijo, na noite do festival de bandas da escola, todos os jovens correndo e afinando suas guitarras, Artur como era chamado na época, com seus cabelos corridos e sua pinta de garoto imponente. Lembra Artur - Nunca fui tão autosuficiente a vida me massacrou, me moldou, hoje sou um molde em forma de vida, um conformado com minha existência, e pior; talvez um conformado com minha própria conformidade perante vida. Lidar com a limitação e aceita-la como brinde, eis a vida de um académico. Escrever talvez fosse a única saída, literatura transgride a vida, ultrapassa os sentidos, se morre e renasce escrevendo. As lembranças fervilha o coração de Weber ... Festival e um beijo. Naquela noite antes dos preparativos, Carolina fora ver como andava os ensaios,curiosa, empolgada com os instrumentos, depara-se com Artur, então o menino Artur, como bem diria, corajoso e imponente; chama carolina para mostrar-lhe os bastidores do evento.
- Estou percebendo que está curiosa, posso te ajudar? Artur Weber, indaga Carolina.
- Não, estou apenas olhando ... nada demais
- Ora! quem quer olhar não se importa em ver de perto, vamos.
- Carolina consente.
Então ambos entram nos bastidores do evento e Weber mostra os instrumentos musicais e todo fervor daquele festival de bandas, com muita empolgação citando músicos e riffs ... Dizendo coisas como se fosse especialista no assunto. Carolina maravilhada com a aula que recebera achou sensacional a palestra.
- Diz Carolina, você é engraçado, as poucas vezes que conversei com você sempre me pareceu muito contido, muito tímido e na verdade não tem nada haver, você é um pouco louco, distraído e engraçado, muito atrapalhado também. - Nesse momento ambos estavam perto da quadra da escola no local onde seria o palco, havia um pomar atrás do palco e um sossego muito peculiar.
- Artur diz: você é linda! faz alguns dias que penso nesse momento e ... mesmo atrapalhado sei bem o que quero... chegando bem perto os corpos cintilantes juntos os lábios tecem um tocar; se afastam se entendem, desentendem de enfim um beijo! - Os corações sopram o vento sul do amor juvenil. Artur pensara que o momento devia parar, parar o tempo naquele dia seria renascer (...)
- Artur weber em frente ao computador, sente-se feliz e por um momento olhando o prédio vizinho, logo em frente quando olha as crianças e o pai se despedindo do filhinho pedindo ao papai pra ficar ou algo assim, Artur é pura emoção nesse momento, e chora desesperadamente, como se estivesse vendo uma peça teatral dramática, seus olhos não contém as lágrimas são lembranças, melancolia, alegria e saudade. Rasga o peito e se contém. Mais contido volta a escrever.
-Depois daquele beijo nossas vidas mudaram completamente, apreciamos juntos na escola tínhamos amigos e amigas em comum, dentre eles havia André. Interrompe novamente Artur, toma um gole de café, e desisti de escrever.
Sozinho, em teu peito, sente-se pouco disponível é melhor se apresar e ir até a universidade, debater política, ética ou se entediar em suas pesquisas de campo, precisa se libertar, deixar fluir esse ser social áspero de coração rude e retórica infalível.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O ROMANCE 3

Artur Weber anda de um lado para o outro insatisfeito com o que escrevera, de certa forma não aguentava a angústia de escrever livremente como um cavalo alado. Perdera totalmente o campasso. Resoluto, pensou: - talvez fosse o momento de parar, tinha provas a corrigir uma pesquisa a continuar; mas algo lhe impedia de parar. Sabia que não escrevia somente pra si mesmo, disso tinha convicção, e pensava que esse argumento poético não lhe valia, pois não era homem de falsa modéstia, um professor mediano, um homem circunspecto, altamente previsível academicamente, mas sabia de seu valor e de sua potencialidade. Conquistara o respeito que tinha por seu trabalho sério, dedicado, mas uma vida inteira dedicada ao trabalho e a educação embora fosse sua paixão desde sempre não bastava. Algo faltava; era fato, não se incomodaria se não terminasse nunca o romance, todavia lhe incomodaria muito publicar algo abaixo de sua própria expectativa. Arrogava de sua rigidez acadêmica, mas lhe faltava o mundo, um mundo a conquistar; o submundo das letras, os porões da linguagem onde as letras falam dançam e pregam peças em seus autores, se sentia um fantoche nas mãos de seu próprio romance e talvez fosse melhor assim, talvez escrevesse deixando as letras escreverem e no compasso de sua mente e sua mão, repousava a arte que buscara em tantos livros e de muito perto nunca pode comtemplar nos tratados de filosofia e literatura que lera na juventude. - Talvez, imaginara Artur Weber, somente os escritores podem ter essa sensação de ser levado a dizer o que nem sempre pensara em dizer e não dever satisfação a ninguém. Era noite, a janela do prédio em frente aberta, as crianças brincando com o pai, a mãe feliz por ter a família reunida e tudo que lhe restara naquele momento talvez fosse essa paisagem e o ato de escrever, sozinho, por opção ou inspiração, não se sabe ao certo, talvez fosse preciso. - Imterrompo meu próprio romance novamente pra lhes dizer: a solidão as vezes é criativa, mas dói, é preciso ter forças e buscar alento, a depressão as vezes pode ser a cura da morte, pois se morre em vida muitas vezes quando se está deprimido. Contudo é lícito a um homem que morre tantas vezes o dom da arte de escrever, talvez esse dom seja fruto dessa arte de morrer em vida. - Conclui Weber. Weber fita novamente a janela do prédio em frente ... sorri com os passos das crianças e escreve um poema. Na vida se vive, se chora, se ama.
Alguns homens nascem livres demais ...
vivem demasiadamente solitários, cativos,
Em meio sua própria liberdade.

Weber não se sente bem, hoje talvez seja um dia muito difícl; continuar falando de André e Carolina talvez seja impossível, mas é preciso terminar essa estória, e preciso terminar sempre... eis que vozes estrondantes entram pelo corredor e batem a porta do apartamento. Artur aliviado atende a porta e dá de cara com dois amigos professores do departamento de Ciências Sociais da universidade. - Um deles, o baixinho e falastrão Romeu diz em tom engraçado - Se Artur não vai a meca, maomé vai até Artur, veja o que trouxe meu amigo: Wisky do bom, diz em tom bêbado, cambaleante. - Vamos entrar, diz Artur, e obrigado pela comphania do Wisky, em tom irônico complementa. O outro amigo, Luiz, está tão sóbrio quanto seus olhos esbugalhados, mas eis que este trás consiguo uma cachaça das boas e diz: - minha contribuição para que possamos conversar, Artur, o que está lhe acontecendo amigo, você sumiu dos bares? - Estou escrevendo nas horas vagas, mas vamos beber... hoje não posso continuar no meu projeto preciso de um porre pra me sentir vivo. - É assim que se fala, Artur -(glup)- Romeu em soluções dizendo. - Artur o pessoal do bar diz que você anda escrevendo um romance é verdade? pergunta Luíz.
- Depende;estou cansado de me contentar com a vida que venho levando, resolvi escrever, pensei que fosse fácil mas algo me impede.
- Mas você é um professor competente, tem uma vida estável, e depois, já não somos tão jovens pra sofrer essas crises existenciais. Diz Luíz em tom crítico.
- contumaz Luiz, vai me dizer que realizou-se ? não tem sonhos, e quando acorda de manhã nunca se sente vazio?
- bom, Artur confesso que se não fosse minhas três filhas, e o amor imenso que sinto por elas não teria tanta razão de viver; não há nada no mundo mais belo que ver seus filhos crescerem depois de carrega-los no colo, confesso que isso me impulsiona a viver. Talvez se você tivesse família, por falar nisso, e sua família, depois que seus pais morreram nenhum irmão, parente, primo? Nada!
- Luíz sabes que não gosto de falar sobre esse assunto; mas depois que meus pais morreram escolhi me recolher, não tenho irmãos, sou filho único. Vivi a vida inteira para os meus pais e faria novamente, mas esse assunto doí,contudo, não quero evita-lo.
- Imterrompe Romeu: Ora se vocês quiserem conversar sobre isso, eu até entendo, vou contribuir com um "discurso" mas por favor! vamos beber mais antes de falar.
- Enfrentando um gole de wisky; Artur diz: Que diabos! acho que estamos bem, a bebida está ótima. Sabe Luíz não escolhi viver sozinho, não escolhi não ter filhos não me casar, ter relações pouco duradouras, sempre pensei que tivesse escolhido isso, mas estava enganado, na vida nos escolhemos, é verdade, mas algumas situações nos levam a nos acomodar.
- Não compreendo Artur, sinto muito - Diz luíz um pouco intrigado.
- bom... quase fui casado aos vinte nove anos me apaixonei perdidamente por uma mulher e depois de algums meses estávamos morando juntos, um dia ela simplismente foi embora, fiquei vagando, bebendo e me torturando durante um tempo, tantos sonhos em conjunto e um belo dia tudo se esvaiu, mas continuei a vida, sempre se continua a vida. Depois aos trinta e seis ... ( - uma pausa). Romeu insinua risos e caçoa doa amigo.
- A Tereza, aquela vagabunda, sabia Artur que você ainda amava aquela mulher (...) -Romeu completamente bebâdo interrompe a fala de Artur.
- Cale a boca, Romeu, beba mais e escute, não me interrompa.
- Sim a Tereza, hoje somos bons amigos, mas quase nos casamos não se lembram meus caros ?
- Mas nesse caso Artur, se me permite, foi você quem a traiu - Diz Luíz em tom esguio.
E Romeu deixe de ser machista e chamar todas as mulheres de vagabundas, todos nós sabemos como trata sua esposa, de forma tão carinhosa e romântica que nem parece esse bebâdo com quem falo. Aliás interessante o fato de que só está bebendo hoje pois ela viajou, caso contrário andarias na rédia como sempre foi seu casamento, o que acho ótimo como seu amigo, sua mulher lhe deu mais dignidade.
- Eu não quero me defender nesse estado, vamos, desculpe, continuem. Mas que é vagabunda é vagabunda... - Romeu delirando em meio a tanto Wisky parece rosnar em vez de dizer alguma coisa.
- Confesso Luíz, eu a traí, nossa separação talvez fosse questão de tempo, me acostumei a viver solitário de tal forma que quando estou gozando de uma felicidade conjugal, por irônia do destino acabo me envolvendo em siladas.
- Pois então amigo, uma vez traído podes imaginar a dor da traição em alguém com o espiríto tão puro como o de Tereza.
- Imagino tanto quanto posso beber; não sei se foi a vida amigos que me levou a estar escrevendo um romance, solteiro, aos querenta anos de idade, com uma merda! de emprego estável, um monte de compromissos, quando talvez quisesse ou pudesse viajar o mundo sem hora pra acordar, sem ler por compromisso, sem ter que trabalhar como um louco mais por necessidade que por prazer... mas de uma coisa eu sei; preciso disso. Esse romance pode me salvar, não preciso de um casamento, nem dos filhos que não tive, embora os do vizinho me deixe um tanto melancólico.
A noite avançara e Romeu durmiu ali mesmo num sofá; não se aguentou de bêbado, enquanto Artur e Luíz decidiram ir mais fundo na conversa.
- Luíz, concordo que suas três filhas sejam a razão do seu viver, adimiro o amor que tens por elas, e o amor que elas tem por você, mesmo morando tão longe. Talvez isso, lhe fortaleça e acho bonito, mas o que te faz um homem solitário não difere muito do que me faz um homem sozinho no mundo. Dois casamentos, tantas frustrações; seus namoricos após os cinquenta anos de idade, acho importante, você é um homem exemplar mas talvez tenha apenas suas três filhas mesmo.
- Artur; tenho a razão do meu viver, nos apegamos a pessoas e acreditamos demais nos outros, dependemos dos outros pra viver em sociedade, e suas atitues exêntricas as vezes vai contra essa natureza, me machuco muito com as pessoas ainda hoje ... e não acho que afastalas de mim me fará um homem feliz, prefiro me machucar novamente e viver naturalmente.
- Não sou um exêntrico por completo; e concordo com sua posição, mas a vida segue e as vezes não se escolhe como viver apenas cria-se armas para resistir ao vento impetuoso da vida, se não estiver preparado para se proteger podes sucumbir de vez, já pensou nisso?
- Se protejer o tempo todo contra o que Artur?
- Não me protejo literalmente, justamente por não me protejer e que vivo os pesadelos mais inóspitos dessa vida, e resisto firmemente. As vezes o que parece proteção é um ataque, nós confundimos muito as coisas, somos seres confusos, de sentimentos confusos, vivemos uma vida confusa e depois morremos. Talvez seja o momento de secar essa garrafa a conversa está ficando séria demais, não acha?
- Se não fosse um ser confuso, de sentimentos confusos, concordaria. Contudo me conte sobre o seu roamance.
-Luíz, creio que não possa contar muita coisa, estou tentando resgatar algumas memórias dar sentido a elas mas tenho a sensação que algo disforme acompanha meu romance, um sentimento estranho ... uma vontade de dizer ao mundo o que nunca poderei dizer numa sala de aula, o que pode comprometer meus planos se é que ainda existem planos.
- Amigo, não quero me intrometer, muito menos julga-lo, amizade é um sentimento estranho; a discordância e o respeito por caminhos diversos na maioria das vezes mantém os amigos unidos ainda que em mundos diferentes. Siga seu caminho, e vamos brindar.
- Pois não, um brinde a vida!
e secaram uma garrafa inteira de Wisky; nessas horas Artur inspirado, abriu a janela no trigésimo andar de gritava em versos ...

Acima as estrelas e o vento doce da noite ...
A lua vem ao nosso encontro numa instância superior.
Embaixo vejo a pequenez da escória da qual fazemos parte...
Mas podemos contemplar o céu acima de nós, no mar do chão carnal
que nos prende a vida na qual acabamos de brindar.

- Luíz desregradamente, grita:estamos bêbados!
viva a desrazão, somos patéticos (risos) se lembrar dos tempos em que vivíamos de bar em bar Weber; não faz muito tempo.
- Erámos uma família, uma pena o Erasmo se foi ... sinto falta dele, ele era a alma dos bêbados da cidade.
- Me lembro, Weber, a morte é algo tão sutil, é uma pena que a esposa dele não queria nos ver no velório e no enterro.
- Em meio risos; e melancôlia pela perda do amigo, Artur diz: A esposa dele nos acusa de te-lo incentivado a beber depois do diagnóstico, ele sabia que ia morrer, e nós respeitamos sua decisão como amigos, bebemos juntos até o último dia de sua vida.
Não me arrependo Luíz.
- Nem eu, Weber, nem eu ...
Depois de tanta bebedeira cada qual procura um aposento a fim de deitar e curar o álcool.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O ROMANCE..

Pela manhã, acorda Artur Weber pensando em seu romance, talvez nunca tenha passado por sua cabeça que escrever um romance fosse tão difícil (...) em sua infância nadou na correnteza dos contrários, passou alguns anos adoecido, se curou; jogava bola como um rei, queria ser jogador, organizava a pelada, chegou a se destacar(...) de certo não era de longe o melhor mas tinha talento; grande menino; ia a igreja com os pais, queria ser pastor, sonhava alto. Nesse tempo sua mãe ditava as ordens, as roupas e o comportamento, tinha sempre bom gosto, de família humilde, filho de operário, Artur Weber se destacava na escola dominical, tinha uma inteligência de menino e uma sabedoria de homem. Nas escrituras sagradas encontrava seu alívio. Menino esperto, organizava a pelada e o pessoal do bairro sempre o chamava, vivia descalço, jogando bola na rua, no clube, em todos os lugares, na escola não era tão ruim, tirava notas boas, sempre tinha uma paixão escondida por uma aluna, coisa de menino. Era contido, não gostava de muita bagunça, por vezes tímido, não chamava muita atenção ou não dava muita atenção ao que ocorria. As professoras do primário sempre diziam - esse menino vive no mundo da lua, é que na verdade tinha muita imaginação, desconstruía e construía o mundo, pensava no que poderia ser se fosse diferente, olhava os jardins da escola com uma atenção voltada aos beija-flores e seu espectáculo emquando se esquecia das lições de matemática, mas mesmo assim, era aplicado conseguia boas notas. Não era primeiro da classe mas chegava na ponta e tinha uma simpatia que conquistava as professoras.
O primário era colorido, lindo, as festas juninas então... corria saltava, era uma alegria só, é verdade que as mulheres amadurecem mais cedo, coisa que Artur não entendia naquela época. As meninas crescendo peitinhos e ele baixinho com aqueles cabelos corridos, não entendia muito bem. Demorou pouco tempo pra entender; mas ele adorava admira-las em secreto com um pudor despudorado, um menino que queria ser pastor já não sabia mais ao certo desde que viu o primeiro par de seios na blusa de uma loira que lhe deu um beijo no rosto na 4º série. A vida ia mudando cada dia mais... Artur como um pré adolescente comum frequentava a igreja, já não queria ser pastor, agora só queria jogar bola, e quem sabe, ser jogador profissional? cultivava um carinho especial pela diversão mas o terror começava a cerca-lo; em família se sentia pouco ambientado, personalidade forte, poucos amigos, muitos colegas, não gostava muito de conversar com os pais, talvez a religião tivesse lhe imputado tanto pudor que não conseguia se adaptar as mudanças de seu corpo, a voz teimava em engrossar, tinha desejo por mulheres mais velhas, principalmente as de dezessete e dezoito anos, entre os doze e treze anos de idade Artur Weber não gostava de comentar com amigos sobre mulheres, nem com seus pais, mas adorava sair as escondidas atrás de uma quadra onde jogava bola e ficar com as meninas que conseguia. No outro dia, pedia sigilo, era puro impulso, quando desejado demais pelas mocinhas lindas de sua idade sentia-se frustrado, pela cobrança dos amigos do futebol ficava intimidado, era inseguro e brilhante, mas muito atrapalhado. Numa das vezes se deixou levar pelas brincadeiras e zombarias e não suportava mais ... ao invés de se impor, aos quatorze anos tudo é diferente uma palavra se torna um terremoto, se intimidou, deixou que os outros falassem por ele, a começar pela própria casa, Artur Weber era obediente, seus pais eram muito rígidos e de certa forma viva uma vida regrada. Não saia como os meninos de sua idade e já não suportava os garotos de sua faixa etária, sua beleza chamava atenção das meninas, mas ele desprezava tal beleza embora fosse vaidoso, talvez, por ser um romântico sem saber. A cada dia ficava mais insuportável, e Artur aos quinze anos se apaixonou perdidamente; um namorico de garoto, mas nesse período já se sentia diferente dos demais, já não era mais o garoto que jogava bola, muito menos o aluno aplicado na escola, em matemática afundara, odiava sala de aula e estava lendo "Nietzsche", Marquês de Sade, entre outros poetas e filósofos nas aulas; isso quando não estava dormindo, pouco importava tempo, aceleração e atrito, ele buscava mais! não sabia o que queria exatamente. Mas os livros eram seus melhores amigos. -Acho que estou conseguindo expor: diz Artur Weber, meu romance não tem nexo, e uma autobiografia reflexiva, tenho lições pra dar a mim mesmo e talvez não termine; é um romance aberto. Espero na próxima página falar melhor desse namorico e de como descobri Nietzsche como anestésico as aulas horríveis que era obrigado a assistir pelo menos em corpo presente. Mas caro leitor, se um dia leres este romance, interprete como a tentativa de escrever a vida (...) se me equivoco, pelo menos tento escrever. - Deitado diante da mobília, Artur Weber Adormece, sem saber o que fazer, pois precisa escrever um romance e não sabe por onde começar.

terça-feira, 7 de julho de 2009

MEU BARQUINHO DE PAPEL.

Um barquinho de papel
navegando até o céu de águas vindouras.
um barquinho de papel, um papel colorido.
um script invertido, um barquinho em alto mar.

um barquinho de papel enfrentada águas ferozes
sem deixar-se abater, uma onda gigante tenaz resistência;
meu barquinho de papel que fazia quando criança dita o ritimo
de minhas lembranças no mar turbulento da vida.

um barquinho de papel uma metáfora tão simplora
que em meio a água faz- me lembrar da vida.
um barquinho de papel ... vou contigo até o céu desse mar infame enxofre.
na beleza solitária do sorriso de criança; um barquinho de papel
faz-me rir em tal lembrança.

talvez sejamos mortos; pois esquecemos nosso barquinho de papel.
Que seja saudosista ... meu barquinho de papel me levou até o céu
chagando lá descobri; o céu não é o limite.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

TEMPESTADE NO SERTÃO.

Tempestade e fotos velhas lembra teu nome a rua passa em transe, somos tragados pelo tempo e sonhamos demais, passamos mais tempo sonhando que vivendo os nossos sonhos e nos lamentamos do que ficou pra trás, choramos um beijo doce que na distância ficou amargo, que na saudade perdeu o cheiro e na tristeza da perspectiva se perdeu na vida.
Ah se tudo fosse diferente e a vida nos desse outra chance, talvez seriamos tão covardes como outrora. Nós já perdemos a noção dos dias e os retratos são figuras no tempo.
Ah se nossa falta nos fizesse ouvir talvez fossemos mais ousados, mas a covardia tomou conta e a vida impôs seu ritimo como uma lei para quem ama (...) nossa distância. O sol brilha pra todos mas nem todos nós queremos nos queimar nesse sertão, nosso grande sertão; pelo qual todos vamos passar; até mesmo os covardes, e aqueles que passam de cabeça erguida dizem sim a vida e nega as perspectivas ao enfrentar o novo por puro amor ou ideal já aqueles que querem estabilidade morrem de sede no oásis mais próximo.Talvez a estepe nos aguarde ou a morte quem sabe, mas é preciso atravessar o sertão.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

BASTA.

BASTA!

Basta soprar poesia, e estarei lá
basta viver mais um dia e estarei contigo
na rua, no destino, no devir do caos
basta ter simetria, podemos cantar

Basta ter uma voz pujante
não é necesário ter luz
basta amar a vida.

Basta amar o que faz
a vida nos conduz...
basta amar uma mulher...
ter boa vontade? basta esperar amiude, sentir saudade.

Basta enxaguar teus pés
basta lhe trair com um beijo
basta ser no rosto, basta ter dinheiro.

Basta não bastar; e de tédio dar um basta!
basta! tanta mediocrídade;basta tanta coisa
que falta, até o pão. Mas como basta essa situação?
Grita um ativista - basta! sozinho no escuro de seu quarto.

TEMPO.

Tempo.

Faz um tempo que eu dei um tempo
Mas o tempo ainda não passou
Se no tempo que o tempo passa
Vê se passa tempo, tempo já passou

Faz mil dias e eu não te esqueço
Se me lembro quero te esquecer
Já faz tempo que se deu um tempo
Já faz tanto tempo, quero descrever

Já são quase duas da manhã
Uma hora isso vai acabar
Mas uma hora ainda está longe
são quase quatro; vou continuar

Estou esperando o tempo e o vento.
Faz muito tempo e ainda não ventou
Se for vento; e o vento vira tempo,
Tempo vira vento. O vento assoprou.

ANÕES SERPENTES.

Anões serpentes

Ouvíamos tão calados
Nossa música tocar
E, aquele velho rádio,
Não parava, sem parar...
Até que um belo dia
O futuro veio á mão

A sua mão direita
Nossa, fé, percepção
Fizemos nossos dias
A nossa redenção

Vivemos nossos
Versos; versamos á beleza
Escondemos os desejos
Só nos resta enxaqueca

Fechamos nossos olhos
Pra não ver o que queríamos
Abrimos nossas mentes
Pra lavar nossas feridas

A vida é um jogo. o jogo imita
Á vida. São cores diferentes
Diferenças coloridas
As cartas no baralho
Embaralham muita gente

Sei que tudo está em jogo
Sei que tudo está presente
Embalsamados, apresentados, iniciados...
Anões serpentes...

INDIFERENÇA- UMA PRECE AS FUTILIDADES DE CONGRATULAÇÕES.

A indiferença me criou; abandonou-me o amor em troca de vida
apaixonado pela indiferença (...) Me criei, abandonado ao medo sublimei o desejo de masturbar-me em público,como Diógenes o louco, ou seria o cético? Não importa, atrapalha os versos.
Cuspir em toda essa gentinha parte da qual sou; Gentinha (academia) - (Artur Weber sorri como um louco). Transfigurei-me em indiferença (...) Renomeei em complexo de grandeza herdado de minha gente mal-educada. Mas como todo bom acadêmico;educado nas letras e absurdos; vou cagar nas calças e feder em público enquanto me aplaudem. O Fedor já é tão intenso, que nem ao menos vão perceber.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Reflexão.

Os erros de português vão ser constantes dada a proposta de escrever sem um propósito único, nesse caso, o único propósito de escrever é escrever sobre como é chato escrever sem propósito.
Tão chato quanto chover no molhado ou até mesmo compreender que o triângulo tem três lados, tautologia de merda. A vida as vezes parece chover no molhado, não é diferente, vejamos a brevidade da vida; são cinquenta, sessenta, setenta anos no máximo de uma vida útil, que nos leva crer que a utilidade da vida enquanto sentido deve ser justificada. Justificamos o sentido da vida na criação ou adaptação que damos a esta, o juízo que empreendemos da vida, nossas concepções nos levam a determinados pré-conceitos que nem sempre são aceitos pela razão, ainda que essa impere sobre os desejos como queria os filósofos. Dois pólos orientam a concepção de homem no século XXI,ou as noções de aqui e agora, como se o globo estivesse em nossas mãos e o controle remoto fosse nossos desejos ou nossa herdeira linha rígida, que comanda nossos pré-conceitos que nos faz crer a partir da razão numa vida pautada sob um regime, seja qual for. Dois pólos, uma linha pende demais para a desorganização e desconstrução, outra para o conservadorismo e o medo de tudo aquilo que possa mudar, de fato que o visível e diferente não pede passagem, entra pela porta da frente, toda mudança demanda de certas predisposições a falência do postulado anterior. Artur Weber não precisa recorrer a um super- homem, como o fez Nietzsche. De forma cética o problema é encontrar o homem e não sua provável função.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Artur Weber e um raro momento de Paz.

Pela manhã passáros cantam em versos uma linda canção. Pela manhã a aurora inspira explendor, Sinto o perfume de uma nova era, sinto os passos acanhados na rua, ouço as vozes das carolas cantando, vejo o bebâdo a brindar o santo, os pães quentinhos de outrora (...) sinto-me bem. Um inconoclasta liberto de seu carma, nem sempre e assim. - sei muito bem, nem sempre é assim; depois de tantos pesadelos, noites sombrias, fanstasmas ocultos, raros são momentos em que a natureza vem nos presentear com suas vestes de energia sagrada e resoluta. Vive-se muito tempo e ama-se muito a vida para ter raros momentos de paz(...) Mas como o sono que outrora rouba-me de minha lucidez, não há nada que deponha tanto á favor da vida quanto estes raros momentos que narro; ainda me perguntam por que somos tão pessimistas ou realistas, que seja. Mas ao respirar ar tão puro, se descobre, que nem mesmo o maior orgásmo pode superar esse bem estar. Artur Weber, até mesmo em sua face mais demoníaca, um dia sentiu-se perto de Deus, sem que pra isso, precisase falar(...) Não há silêncio, nem desejos carnais que possam explicar; um o raro momento de bem estar, bem estar consiguo mesmo, Um breve momento de paz.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Artur weber - Pesadelo sem cura.

Depois de ler dias á finco, enquanto muitos comemoravam "Carnaval". Não me interessa os outros e suas manifestações folclórico-maniqueístas que necessita de um feriado mesquinho para exaltar as orgias que outrora vivo todos os dias. Há muito tempo dormia em paz, após ter transado comigo mesmo, pensei que estivesse curado de meus pesadelos. Não que busque uma cura ou terapia. A sensação de que não posso dormir me chateia, tenho a impressão de que dormindo enlouqueço, perco a razão. O que deveria ser descanso, se torna um emaranhado de sentimentos acordados. Muitas vezes sensações ruins. Por favor! peço aos psicanalistas de plantão que, não determinem, muito menos reduza tais experiências como se fosse religião. Não há nada de místico em viver uma vida dúbia, ser racional durante o dia e experimentar a loucura em forma de pesadelos. - Enlouqueci. Por volta de mais ou menos, 10 anos, venho tendo o mesmo pesadelo, ora descontínuo, ora linear. Se este remete ao meu passado? - Diria, que sim, remete aos anos de colegial, tempo em que meu talento para literatura fora abafado pelas peripécias escolares. Todo aquele ambiente, e a luta que se fazia para produzir... não foi uma época muito boa. Ainda ouço meu coração bater forte, ao me sentir um aluno, desconfigurado, causa perdida em termos de conhecimento. Humilhado pelos meus pares. Mas sobrevivi, apesar das crises, o abandono inicial, o complexo, e a vontade de não ver tanta gente todos os dias. Esse pesadelo não acabou. Acordo suado, em uma sala de aula me sinto confuso, o ano letivo acabando, meu desespero... pois, mais uma vez ... não fui capaz de me organizar e terminar o ano com média. Sinto cheiro de choro e desespero. Não quero remeter á nenhum trauma. Não é esse o objeto de minha análise, embora pudesse ser verossímil. O que quero tratar e o delírio. Como posso enlouquecer nas noites que durmo, e pedir socorro ao café, pra que não durma mais á ponto de ter o mesmo pesadelo. Há 10 anos, sinto cheiro de escola em minhas alucinações, não controlo a decepção e o fracasso de mais uma vez ser reprovado. Embora tenha sido reprovado, realmente, a mais de 10 anos. O que mais intriga em meus pesadelos, e que, hoje, exerço o pensamento através da literatura. Podem confundir-me com meu professor, professor que menos importa em meus pesadelos, pois aquele que sempre falha, que não consegue fechar o ano com nota sou "eu". Mas além dessa conjugação ( Sala de aula - cheiro de escola- aluno- professor). Entra o aspecto "razão" aparentemente esses termos não se conectam. Mas nessa encruzilhada rizomática, essas coadunações "inconscientes" que projeta- (produz) uma experimentação, ao invés, de sintôma e análise. A experimentação que interessa é a" loucura" o delírio produzido pelo pesadelo. O medo de dormir, sobretudo, um olhar acientífico, da questão. Não importa os sintomas ou a cura, nos importa ir fundo... ir longe, expandir as linhas da loucura ou des-razão. Caso seja necessário, ter o mesmo pesadelo, a vida inteira, experimentar a sensação ímpar que trás... Tudo isso, é mais precioso, que a cura psicanalítica.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Uma conversa.

Pergunta: Surge-me uma nova questão, pode parecer estranha, mas veio como um raio. Bom, uma vez que temos as singularidades, que nunca se repetem, e para pensar Deleuze, pensamos em termos de singularidades cujo os corpos é o que há de ontológico. Portanto as singularidades não se repetem, com isso podemos crer que o que se dá é á diferença. Pois bem, tais singularidades por serem impessoais comporta uma multiplicidade. Daí queria entender melhor esse ponto, multiplicidade e singularidade. Se há realmente multiplicidade na singularidade. Sobre o site do Professor Ulpiano, foi uma ótima dica. Valeu, velho.

R: Para entender o que é multiplicidade e singularidade, convém também sacar o que é a diferença e como ela foi pensada pela filosofia sedentária. O que vou tentar fazer é mostrar para você que a diferença é a relação identitária entre termos, pressupondo assim algum tipo de contradição. Já a singularidade é pensada como acontecimento único. Poderia começar com vários filósofos, mas vou até a base, na lógica aristotélica.
Aristóteles propõe quatro princípios da lógica que perduram até hoje na filosofia sedentária. São eles: 1) O princípio da identidade: A=A, ou seja, tudo aquilo que é, para ser si mesmo, deve permanecer igual a si mesmo no durar do tempo; 2) O princípio da não-contradição, A é diferente de B, para algo ser si mesmo deve ser distinto de um outro clara e objetivamente; 3) Princípio do terceiro excluído: A + B = C ou D. A união de dois termos só pode dar uma coisa ou outra, jamais uma miríade de termos distintos; por fim 4) Princípio da casualidade: A causa B causa C causa D causa E. Portanto, A até causa E, mas não sem antes ter passado por um processo de diferenciação constante e ininterrupta. Essa lógica aristotélica estabelece uma diferença. No entanto, é uma diferença entre termos, ou seja, em busca de uma união entre eles. Os termos são diferentes porque são comparáveis entre si. Há, logo, uma pressuposição homogeneizante em jogo aqui. É preciso haver possibilidade de conseguirmos unir A e B num pensamento/reflexão para conseguirmos distinguir um e outro. Isto posto: a diferença é a união contraditória comparativa entre corpos, pressupondo um meio em comum a estes. Exemplo: se uma cadeira é diferente de uma mesa, esse postulado só é possível porque: primeiro, estabeleceu-se um mundo em comum onde estão presentificados cadeira e mesa; segundo, estabeleceu-se um olhar para além dessas materialidades corporais que pôde a partir disso pensar a diferença entre ambas; e terceiro, o pensamento é a faculdade humana que possibilita a distinção clara e objetiva das diferenças. O que eu quero propor é uma tríade: diferença-homogeneidade-identidade. Quando Deleuze começa a pensar a diferença é para colocar que o diferente é o singular. Veja. O singular não é aquilo que comparado a outro corpo é diferente. Mas aquilo que, em si mesmo, traz uma força de si próprio. Vou tentar ser bem prático. A diferença entre um apagador e um quadro não está nas qualidades identitárias de um quadro e de um apagador, mas no fato de que estamos falando desse ou daquele quadro ou apagador em específico. Veja que interessante! A questão da diferença é uma questão transcedental. A questão da singularidade é uma questão imanente a um corpo. Vamos só mais um pouco. Se a diferença remete à identidade, a singularidade remete a multiplicidade. Cada diferença requer uma identidade e um meio em comum. Cada singularidade, por sua vez, remete a uma multiplicidade de meios. É preciso que sempre se diga qual quadro é este, em que lugar ele está, quem o usa, o que nele é escrito etc. Cada quadro remete a um território específico de existência. É isso.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Lógica do acontecimento. Parte I.

Pensamos errado, em termos predicativos, transcendental ... quando deveríamos pensar de forma diferente, para além do platonismo. Fundar uma ontologia as avessas como fez Deleuze. Transgredir utilizando o que há de mais nobre no pensamento ocidental, e operar pelos fundos, ser máquina de guerra ao invés de estado. As máquinas de guerra são o contrário do estado, e a evolução a-paralela ao estado. Pensamento como máquina de guerra consiste em guerrear sem declarar guerra, uma guerra que se dá pelos fundos. A maneira dos aparelhos de poder.

Por que pensamos em termos de moral ?

Em todo limiar da vida, pergunta-se pelo sujeito ativo, e não pelos acontecimentos, pelo contrário, os acontecimentos são recriminados por um apelo moral qualquer. O pensamento tem medo de não controlar sob seu jugo transcendental as grandes "verdades" da vida. A questão é outra, os acontecimentos incorporais...os fluxos moleculares engendrando-se em singularidades imperceptíveis faz o acontecimento, enquanto os corpos em sua essência são os mesmos, os acontecimentos são variáveis, únicos, singulares. Eis a diferença. É preciso pensar a diferença em si mesma, e isso é a verdadeira potência, toda vontade de potência não comporta uma moral externa constrangedora. Nosso pensamento opera em termos morais, aceitando o que vem de fora e de dentro sem produzir. Havendo produção, criação, cria-se a vida sob uma nova ótica ética e estética.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Uma Pergunta...

Sim, valeu pela dica, percebi a complexidade em querer sacar os conceitos em Deleuze e Guatarri. Sacando as aberturas e interpretações, fica mais claro. Mas voltando ao que queria dizer. Percebo um quebra com relação aos pensadores sedentários ou a tradição da filosofia em Deleuze e Guatarri ... como uma genealogia do pensamentO. Nietzsche já havia insurgido contra essa "boa vontade" na qual tendia o pensamento ocidental. A Razão contra tudo o que é humano, passível de paixões. Nesse sentido leio: A filosofia sedentária preza ao platonismo, a verdade socrática. O pensamento nesse sentido não opera a diferença em sí mesma, potência criadora, que implica movimento, ruptura. Temos, como exemplo, Espinosa no cume dessa ruptura. Tudo bem, mas o conceito de repetição não me é claro na leitura, e o porque essa diferença necessita da repetição. Deleuze (solo) parace fazer uma leitura de que a repetição por si mesma é contra a natureza, por isso transgressora, portanto, aí , opera-se a diferença.