Artur Weber

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

PESADELO. ROMANCE 7.

-Como é difícil escrever, ainda não me dei conta do que se trata quebrar regras e paradigmas gramáticais. Vejo essa papelada e tenho nojo, olho as ruas desse bairro e tenho vontade de vomitar sinto um vazio intenso e já é madrugada, sentado nessa cadeira fumando como uma chaleira não sei onde vou parar - Me diz onde vou parar? Olho para o teto com repugnância sem toscanejar - preciso fumar outro cigarro, são duas, três, quatro da manhã e nada pensamentos vem a mente me deparo com uma dor no peito como se levasse o peso do mundo nas costas. Como deveras por hábito vou durmir um pouco já passam das cinco da manhã - caminho lentamente até a geladeira e tomo duas cervejas pra embalar o sono.

 Em meio à escuridão de um pátio sobrevoava minha alma, como se se salta aos olhos esbugalhados
via toda a multidão mutilada em suas casas. Como uma antena de TV sobrevoava, era um sinal, um radar para além dos universos paralelos, duplicava-me em experiência dúbia, eram todos e ainda sim... Pude perceber que não me desintegrava.
Meus ossos derretiam em frente minhas retinas, meus lábios caíam como labaredas de fogo. Em meio ao álcool em meio o enxofre... Mantinha relações sexuais com uma linda jovem de rosto desconhecido. Sua vagina era linda, tinha um odor especial que me hipnotizava, aquietava os meus lábios.
Sim! Eu era hibrído, transava comigo mesmo. Não preciso entender que minha vagina era meu pênis que penetrava em minha própria vagina... E aquela linda jovem sem rosto talvez fosse alguém desconhecido ou eu mesmo, quem sabe? Mesmo assim eu penetrava com assas prazer, sentia um prazer imenso em meio à selvageria, como um animal eu continuava.
Não havia consciência. Meus instintos sopravam um vento sul uivante, tudo era prazer, me desintegrava como partículas minúsculas e não me via mais, não havia mulher... Nem sequer minha presença havia. Mesmo sonhando era tudo alucinação. De repente em outro lugar, numa construção sem nexo, mofada prestes a cair, o teto começou a desabar, via-me correndo como um louco... Quando de súbito, esse prédio se transformou na calmaria de um jardim cercado por um lago quase transparente, então eu mesmo dizia - estou no paraíso! Talvez o paraíso fosse apenas uma falácia, mas uma mulher de branco, cabelos negros olhos castanhos passava á certa distância, não queria sair daquele lugar, talvez meu lugar fosse junto dela. De sobressalto acordei assustado, transpirando muito, era um calor infernal... Naquela tarde talvez, tenha visto o bastante por um dia. Contudo se existe algo mais assimétrico que os nossos sonhos e pesadelos, nossa realidade incomum ainda não conseguiu transcender. Apesar de todas as teorias sobre esse fenômeno, me reporto a percepção do acordado. Por pior que seja, transar consigo mesmo deve ser muito pior. (risos).

- Acordei subitamente assustado e excitado com tudo isso, de fato, agora tinha sobre o que escrever ,pelo menos um pouco de inspiração para uma noite regada a cigarro e cerveja - conheci um sujeito chamado Lennon um garoto de vinte e poucos anos  -  cara agitado, gosta de ler o que escrevo formou-se em letras na faculdade local mas ninguém lhe dá emprego, é um sujeito um pouco espalhafatoso, adora drogas e vive pegando as menininhas do bairro  - esse garoto é meu relfexo - pensei comigo, mas fica assímetrico um coroa saindo com um garoto pra chapar todas, de qualquer maneira o que me importa mesmo ? - escrever ... escrever mais nada.  Preciso de intensidade pra isso, esse garoto leva bebida e fuma maconha o dia inteiro na minha casa, ainda sou respeitado, mas pensando bem... respeito e caridade são duas coisas controversas . Lennon não tinha dinheiro e até mesmo o fato de estar andando comigo era culpa dele. Apesar de não fumar maconha há séculos nunca o censurei e por vezes tinha que carrega-lo pois o garoto não sabia beber (...)he he he! ainda assim o marginal era ele.  - A voz do povo é a voz de Deus, quanta ignorância contida nos ditados populares, os  pais de Lennon, muito respeitados, falavam de todos os filhos das pessoas da cidade, como se fossem pessoas execráveis, não gostava dos seus pais, mas o garoto não tinha nada com isso.

                                                           O assunto Andé:

comumente, depois de um porre daqueles afim de sentir-me mais vivo, disse a Lennon - Me diga com sinceridade, cara, se você tivesse um grande amigo, um irmão, e suas vidas fossem separadas por algo ruim, trágico, sem volta. - Me responda Lennon, por favor! há como voltar atrás?
- Não tenho idéia, nunca tive um grande amigo, meu primeiro amigo é você Weber! sou um tolo, mas perdoaria meus inimigos quem dirá um amigo.
- Cara, isso faz anos,  não sei se estou em tempo de revogar da minha decisão.  - Lennon a vida é cruel, mas é linda ao mesmo tempo, e sabe o que há de mais interessante nisso tudo:  Essa é a beleza da vida.  Gosto de você  garoto, não deixe esses profissionais em roubar sonhos, lhe dizer o que você é e deve fazer, se ainda posso fazer alguma coisa por alguém nessa etapa da minha vida, eu quero te ajudar, se apresente semana que vem na universidade na qual lhe darei o endereço e o telefone em casa, pois, agora estou muito bebâdo, vá em frente escreva teus contos, e exerça sua profissão. Aqui não lhe darão emprego, nessas escolas e faculdades dominadas por políticos safados! é isso mesmo - Grita com volúpia Artur Weber, gente interesseira, não há mais compromisso com a arte, com quem vira a madrugada escrevendo ensaios muito menos com uma "mula" que escreve um romance depois de anos lecionando. - Escutem, meu nome é Artur Weber nascido e criado nesse lugar, hoje, não sei mais o que dizer ... Será que os sonhos estão na contra-mão, olhem para todos nós.
- Calma Weber, você bebeu demais por hoje, fico grato pelo apoio, mas não vou á lugar nenhum antes que me reconheçam aqui. Não vou fugir, concordo com você, mas quando for; irei como um sujeito que não se ausentou as críticas, muitas delas meu amigo, são verídicas. Outras, faz parte da hipocrisia da qual todos nós entendemos muito bem, afinal todos conhecem meus pais, eu também os conheço, e sei que nunca falaram bem de você. No entando você é o único amigo do filho deles.
- Eu perdi garoto, não faça como eu, estou orgulhoso de você. - Se chama André  -  QUEM ?  O grande amigo que perdi, não sei onde ele está ao certo,  não sei o que fazer, mas estou descobrindo que a chave para esse romance depende muito de como vou me portar diante dessa situação. Preciso dar um fim nessa angústia.

Sabe o preço que vai pagar não indo embora dessa joça, e enfrentando tudo de frente, faz idéia Lennon? - Weber muda de assunto de repente.
- Quanto vale mesmo um homem? Me perguntou sorrindo levemente, naquele dia eu via um rosto diferente, Lennon parecia entender algo que eu não sabia , por ignorância, e me ensinava de maneira suscita. -   Meu púpilo!  seu filho da mãe. - fitei seus olhos de forma ávida e disse-lhe :  Bom, eu gosto de você e por isso, somente por isso, vou repetir, sabe do preço que vai pagar nessa cidade desgraçada, que te difamou. Sabe como as pessoas te olham ?  Pois bem, da mesma forma como me olhavam, da mesma forma que sempre olharam para as pessoas perigosas para elas, pensas que pensam! entendeu garoto. Se você pensa é um alvo fácil, num minuto de bobeira eles fazem tua barba e ainda come teu rabo! isso sem você pensar duas vezes. Eu não sei o que vai ser de minha vida venho quebrando regras e degenerando desde que resolvi escrever esse romance e reencontrar com os meus fantasmas do passado. -  Lennon se quiser ainda há tempo para fugir, mas se fugir para ficar como eu, é melhor enfrentar tudo de frente. - Por algum minuto fiquei pensando como um garoto tinha conseguido entender tudo que levei tanto tempo pra entender, agora o jogo tinha invertido, o inveterado e são era ele, e o sádico e porra louca , além de velho e medroso era eu, de fato era. Talvez socialmente isso não estivesse bem claro mas diante daquele olhar imponente, Lennon me deu a resposta que abriu as portas não só da sua vida, mas da minha percepção. -  Por mais nos roubem a liberdade, a fala o corpo e nossa subsistência, nunca roubaram minha alma. - Meu romance é minha alma, quando escrevo escrevo com a alma, não preciso  ser artista nem o que sou, sou apenas alma.

O ROMANCE 8.
  
Hoje recebo a última parcela so seguro desemprego, estou completamente duro e tarado esse bairro fedorento essas mulheres noiadas, todas elas se prostituem por drogas, que merda! deviam honrar suas bucetas e prostituir-se de verdade porém a cada canto uma puta noiada. Mais uma vez vou eu me meter com mujlher casada pra afugentar meu tesão. Carolina sempre , Carolina, agora ela está distante mas tem me dado ás vezes mas sou tão puritano que nem conto essa parte no meu romance. Carolina tem vindo todas as segundas quando o marido sai pra trabalhar. Acordo de amanhã ela entra pela porta e coloca a boca no meu pau logo fico animado e ela diz com dengo - benzinho temos de ser rápidos sabe como são as coisas fico mal falada o bairro é pequeno a cidade também. - Tudo bem, guria, nada que Artur Weber não possa dar um jeito com ela o clima é diferente me lembro de quando erámos jovens, mas seus lábios continuam os mesmos seu rosto um tanto flácido, mas quando está bem arrumada nem se percebe os pés de galinha pequeninos, quando ao rabo - perdoe-me Carolina mas  preciso narrar tem um rabo de matar, quando erámos jovens ela era magrinha e pura, talvez eu fosse o puro nessa jogada.  Dia de pagamento vou chamar Lennon para irmos ao centro da cidade, de repente encontro uma foda boa. uma mulher que não seja noiada, drogada. Odeio viciadas que se prostituem para manter o vício, esse vício consegue acabar com todos os talentos de um ser humano até mesmo o talento de ser gostosa e fuder bem. - Mas quando penso no lado social dessas questões lembro-me dos velhos tempos de professor, vi muita gente ir embora e de certa forma, minha culpa é um peso. Se é que existe tal culpa consiste em não ter podido fazer nada. Mais dia menos dia Carolina vem me ver e uma notícia pode mudar minha vida. Carolina, André e eu temos muito em comum estamos presos ao passado.
Tomei a rua princial e logo vi Lennon que esperava por mim. - como vai professor Weber ? - Lennon você sabe que minha reputação é uma merda e ainda me chama de professor Weber, já tinha me esquecido da última vez que me chamaram assim.
- Cara tenho um trampo pra você e eu
- To pela hora da morte cara, meu seguro desemprego acabou, gastei todo meu dinheiro indenizando uma puta desgraçada antes de vir pra cá. Fora as despesas com esse romance que não sai.
- E trabalho pesado, aguenta firme Weber?
-  Olha pra mim, tenho escolha, cara.
- O serviço e limpar telhados, uma amigo comprou uma máquina e precisa de gente. Te indiquei, tudo bem ?
- Disse pra ele que tenho quarenta anos Lennon? - Disse ele não se importou, pois, não pode contratar dentro da lei, de forma que é um bico, cara.
- Sendo assim, vamos nessa, o que tem pra beber hoje?
- Trouxe uma garrafa de tequeila.
- ARRIBA!
Me apresentei na segunda feira no local marcado junto com Lennon para trabalharmos - pensei puta que pariu ! cheguei cedo demais que centro de macumba é esse. Na porta da firma me atente um garoto cheio de papo me mostrando o material e dizendo como guardar e cuidar dos equipamentos. Fiquei calado, não era momento pra orgulho e daquele lugar imundo não saia até resolver meu problema e terminar meu romance. - Já se passaram quarenta anos e eu continuo o mesmo que merda, penso eu. - Quando estou fora daqui sou um sujeito interessante e interessado, aqui onde nasci e me criei ás vezes me sinto como um merda. Na verdade me tratam como merda, disso eu sei, também acho todos eles um bando de merda. Mas não sou tão mau educado como a maioria, nem me acho superior embora pudesse querer ser, mas minhas perdas não são materiais e meus ganhos também não o são. Num lugar como esse se não fizer o jogo deles te degolam, dessa vez eu estou pronto pra fazer o jogo.
- Pode deixar, farei tudo certo.
- Não dá mole não, hein, tio, tem de subir em cima das casas.
Dei as costas para aquele moleque e ignorei.

O dia foi duro e minhas costas dóiam muito . Em casa tentei redigir mais uma página  me deparo com pensamentos nebulosos, me desprender totalmente do mundo por um sonho é loucura. - Será que estou louco? - Me pergunto interessado, entretanto quanto mais pergunto mais fico na dúvida e chego a conclusão que se for para o bem da civilização e até mesmo para o bem desse romance  me declaro louco. Ainda tenho um pouco de dinheiro e vinho na geladeira. Depois de tomar um litro de vinho barato minha cabeça está leve e posso durmir sem presságios, sabendo que amanhã tem telhado para lavar. Meu patrão é um babaca, ignorante e avarento ter consciência disso me diverte - um garoto de vinte anos que deve ter um orgasmo quando sente o ronco do motor de seu carro tunado. Risos.  - Ding dong! A minha porta bate, berros! - Weber ! Lennon levou vários tiros nos córneos está morto. - Corro e atendo é o meu chefe atônito, pálido, bem na minha frente. Naquele momento me senti mal tinha pena do meu patrão e ao mesmo tempo estava nervoso por Lennon, aquele a garoto não podia morrer. Pensava. Nunca soube lidar com a morte de forma amistosa, meus pais morreram, meus amigos morreram e agora o único amigo que fiz desde que voltei para esse lugar.  - Me explique por favor ! Lincon, o que houve ? Nós estávamos na praça e de repente houve um tiroteio entre policiais e bandidos que  roubaram a farmácia da cidade e uma bala no peito de Lennon, perdida. Lincon soluçava , nunca tinha visto esse garoto dessa forma. - Vamos garoto, disse em tom imponente, onde está  Lennon? O corpo ou seja lá o que for. Entramos no carro e fomos até o Hospital da cidade.













sábado, 15 de maio de 2010

Romance 6 ( VOLTO A ESCREVER).

Com os olhos úmidos depois de uma farra ponho- me a escrever, mas desta vez, em folhas de cardeno. Vou fazendo esboços como um professor - Como sou infantil, nem mesmo Professor sou mais - como sou infantil. A noite engasgada em meio peito, só quem sente isso pode descrever e escrever... são coisas desta vida! São coisas do tempo. Me lembro de uma antiga canção que dizia - "O tempo passou para nós que somos jovens" - Se deturpo a letra da canção não é por maldade e sim, por necessidade. Me ilude a idéia de responder a vida com questões simples e puras como nossos Doutores sempre fazem, me ilude ganhar dinheiro e sentir riqueza numa vida de momentos. Posso parecer pessimista; sei que a vida é única, mas as vezes é um fardo em que o peso de carrega-lo por si só pode lhe fazer herói ou vilão de si mesmo. Já é tarde, voltei a escrever, as lágrimas corem em meu rosto pois quem sabe um dia termino a paródia de um romance, esse romance que não tem enredo, nem que; nem pra que! - Não passe por aqui! a dor pode ser demasiado violenta mas se queres vencer a dor -acredite em mim- atravesse essas páginas e escreva tua vida, tento fazer isso, agora sozinho, sem tio Mauro, nem minha tia nojenta pra nos irritar. Boa noite, não tenho o que escrever ... só consegui isso e é muito por hoje. Boa noite!


Durmo durante todo o dia acordo sempre as 4:h.00Minutos, meus tios pensam que sou um vagabundo, tio Mauro já não anda essas coisas comigo, mudou muito desde que decidi escrever e resiginei-me a pensar na vida, desde então sou um solitário em uma casa confortável com dois senhores dignos de muito respeito, inclusive minha tia, que reclamou muito por estar pevertendo seu marido, o velho me adora; e eu gosto de suas estórias, além do que ele tem uma ótima cachaça. Mas preciso de sobriedade ou de alguma conexão maior para escrever - peguei uma folha de caderno e fui a praça, lá pude entender ... tudo tão diferente, o tempo mudou mesmo, começo a escrever - A primavera o verão as crianças os adultos, os brinquedos, já é Maio, faz quase um ano que deixei a vida segura e obssesivamente pus-me a escrever esse Romance, pus-me a pensar, queimando pestana por alguns minutos, vi uma luz no fim do túnel, era uma visão do novo, algo extraordinário que só poderia tocar corações sensíveis e honestos como o meu naquele momento. Uma criança com uma pá cavando a terra, quanto mais ela cavava mais se contorcia e dizia - Mamãe vamos achar o tesouro? Um tesouro, tudo o que essa criança poderia querer, um simples tesouro. Desvenciliei-me por alguns minutos, volto a escrever sobre esse ato de cavar o tesouro.

Quando passa por mim uma mulher linda, gostosa, aparentemente da minha idade ou um ano mais nova, salto em sua direção - Carolina! é você ? - Ora se não fosse , eu, quem seria então?
- Se te disseste que há vinte cinco anos espero esse reencontro.
-De repente ela chorou - Weber porque ... Weber... tudo aquilo, tudo que passamos juntos, sempre estive contigo, e o que aconteceu? - Não podemos falar sobre essas coisas outro dia. - O que faz aqui? Soube que era um renomado Professor, nunca pensei que estivesse nesse lugar.
- Não quero falar sobre isso, tudo tem um motivo. -Quero saber sobre André, diz Weber. -André se tornou um sábio eremita de uma linda religião, mas ele tem muita sabedoria, vive meditando se tornou um sacerdote, não é fácil vê-lo. Quero ter com ele a qualquer custo, nem que custe minha vida. - E esses papéis Weber? Estou escrevendo um romance mas ás vezes penso que o romance escreve a si mesmo, estou sendo impelido a fazer coisas que não faria e não escreveria se não fosse tudo isso! - Não entendo nada do que você está dizendo, aliás, nunca entendi. Você sempre foi tão prudente e ao mesmo tempo tão sem pudor. Nunca pude decifrar ... Ás vezes pensava em como podia lhe aturar com tantos altos e baixos. Mas me pergunto você podia trabalhar na usina local, ter uma família, um salário, se casar , ir a praia, como nós fazemos!
Mas sempre quis estar acima de tudo , da moral, da lei, de si mesmo, quando soube que conseguiu o que queria, fiquei muito feliz! Mas agora - escute, Artur, por favor! Você voltou a estaca zero é um derrotado, nunca pensou nisso?
- Cale a boca! sua vida de faixada sempre foi o mais importante e o que tens? Um marido um filho, uma casa, sempre se importou com essas coisas mais do que com seus próprios desejos o opróbrio de sua existência - Nunca me queixei disso Carolina fazia amor contigo por prazer, e quando te chamava de minha égua carinhosamente, estava sendo bruto e ao mesmo tempo carinhoso, mas não podia me casar, não quero está no lugar de marido de uma mulher que pensa em se dar bem sempre, por mais linda e gostosa que seja. - Seu escárnio de gente! você é humilhante, patético.
- Esse patético humilhante, quer te ter de quatro novamente e poder te chamar e égua gostosa!
-puxei-a pelo braço, como um solavanco e disse: Aguarde e será minha.

Meu dia começou ensolarado pois Carolina saiu com tanta raiva e ao mesmo tempo com um olhar químico penetrante, parecia querer que a comesse ali mesmo, pelos velhos tempos.
No meu caderno faço algumas anotações e começo a imaginar... chego a conclusão que a diversão é parte da festa.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

De volta pra casa!

Depois de tanto escândalo desisti de tudo e pus-me a pensar na vida. Voltei pra casa, fui pra minha cidade natal de origem pequena e escrota, não que gostasse daquele inferno, mas talvez pudesse voltar a escrever; uma vez que desde o incidente com Jerusa e minha ida rápida á São Paulo não me trouxe desejo de voltar a escrever, fiquei seis meses vagando, ora aqui , ora ali, de bar em bar e a cada bar uma história e um amigo pra contar meu vomito, gastei parte do meu aviso como um filho pródigo sem herança, hospedava em hotéis baratos e perambulei de pensão em pensão, um belo dia tomei um ônibus e voltei pra casa, era inevitável. A velha casa ainda estava lá, não devia haver parentes. Cheguei naquela velha rodoviária, estava tudo diferente mas ao mesmo tempo tudo igual, como se tivesse deixado parte de minha vida pra trás, meus estômago grunhiu (...) uma espécie de náusea toma conta de meu ser, me sinto estranho onde nasci,cresci e vivi por vinte e poucos anos, de certa forma. Sempre fui um estranho. Esse sentimento poderia castrar meu romance, procurei pela antiga casa, descobri que meus tios moravam lá, resguardavam minha herança dois senhores,uma senhora de sombracelhas fechadas e olhar digno; um senhor um tanto safo, estilo malandro nos anos vinte, me receberam bem (...)meus tios, afinal? mal os conhecia, mas meus pais eram muito ligados a eles,desde que fui morar em outras cidades e fazer da minha vida um retiro, um refúgio. Meus pais e meus tios não se desgrudavam, sempre mandava dinheiro para ajuda-los, afinal não precisava de muito, nunca precisei de muito. Era inverno, o inverno daquele lugar me dava caláfrios, pensamentos insânos passavam pela minha cabeça, o passado e o presente remontavam como um quebra-cabeça em pedaços, já era tarde, acomodei-me em meu antigo quarto, dei boa noite aos meus tios, e pus-me a pensar (...) - Será que ainda conheço alguém nesse lugar? Aquele bar de rock n roll, será que ainda existe? Sou um velho perto dessa turma, depois, não há mais música como antigamente, todo coroa diria isso (....) - Puxa, me sinto um velho (Risos). Ainda mobíla antiga de quando eu deixei o bairro, a casa a cidade. - trouxe minha tralha, vou trabalhar, este local é ótimo para escrever meu livro, meu romance perdido. Penso comigo mesmo quase que em voz alta - Hoje estou muito sarcástico, será que não poderia escrever algumas páginas - Bom meu caro Weber, digo em pensamento, vamos ver ... vamos ver. toc-toc ... Alguém bate a porta, deve ser meu tio, o que o coroa quer uma hora dessa, me pergunto. -Entre, como vai tio Mauro? Precisa de alguma coisa? Nada ... nada meu sobrinho, Só quero tomar uma cachaça que um amigo produz em larga escala em seu alambique bem próximo daqui, vamos lá! a véia costuma me censurar com a birita ... sabe! ri-ri-ri. -Tio desde que te vi soube que não era fácil, seu malandro, mas desde que cheguei aqui ainda não tomei um porre, acho que o senhor acabou de ter uma boa idéia. Me da dessa cachaça! nos servimos com alegria, não há maneira mais tranquila de se aproximar de alguém do que oferecendo-lhe um porre, esse tio malandro entendia das coisas, pensei comigo. - E então o que é isso, ta escrevendo ? Pois é deixei de ser professor mas ainda tenho manias. (risos) - Seu moleque, lembra de quando tiha uns dezoito anos e só arrumava confusão? - Tio que saudade! e a rapazeada, os caras, o André ? Carol? O bodim? - O André se tornou sacerdote, filho, foi embora logo depois de você. E a Carol aquela garota está casada, mora a dois quarteirões daqui. Você era ligado nela garoto eh...eh...;disse o coroa rindo entre os dentes. - E ela em você, namoraram e tudo mais. Puxou o tio ! - apesar das informações o coroa me divertia, ele falava de modo despojado, e largado como se fosse um jovem de vinte anos de idade no cio. - Casamento e tudo mais ... hein tio? como ela está hoje? Gorda, teve filhos, hein diga tio? - tomei mais um goló daquela cachaça que me desceu ardendo parecia intricar minha faringe e derreter meus pulmões e estâgo como se fosse um veneno pra curar ressaca, mas mal tinha começado a beber, e devia terminar, depois não se faz desfeita a ninguém que lhe convida á secar uma garrafa, isso é raro nos dias de hoje. - Tá curioso garoto? veja com seus próprios olhos, caralho, ela tem um cuzão! ficou mais gostosa depois que pariu (...) e o filho da puta do marido ainda tem fama de corno. Conheçendo bem a carol de vinte poucos anos atrás é difícil pensar como meu tio, mas as pessoas mudam, tudo muda, também não era esse canalha que sou hoje, naquele tempo, acreditava em final feliz e tudo mais, quem sabe isso não aconteceu com ela. (pensei em silêncio, não ia dar bandeira pro coroa) - Mas diga tio, como assim, como você pode dizer isso? e o que dizem ou é o que realmente acontece? - Ah meu filho, a voz do povo é a voz de Deus. Esse lugar realmente era ridículo, pena que em todos os lugares da face da terra os julgamentos são sempre fadados a moralistas de merda, esse meu tio é um putanheiro, vivia na esbórnia, mas que língua ! - penso em silêncio. - Hum entendo tio, mas diga mais sobre a parte em que ela está gostosa, esquece o resto. - vamos lá, uma pro santo primeiro, glup! bebemos e o coroa me descreve Carolina, Carol. - Ela tem um rabo, anda de mini-saia é atração da rapazeada da praça, quando ela passa o perfume fica pra trás e aquela buzanfa gostosa aquele par de peitos ... - Nese momento meu pau começou a ficar duro, pensei comigo, vou ter que ver essa mulher, não pode ser a mesma magrela que eu (...). - toma mais um golé rapaz sua tia tá dormindo, vamos secar isso, vamo! rápido, anda meu filho, aqui é bom pra esquentar o peito arghhhhhhh! - realmente meu tio Mauro é uma figura. Um tanto falastrão, exibicionista, mas uma figura peculiar. - Tio qual é o bar mais próximo? ahhhhh é sou o irmão mais novo de sua mãe, tenho quase sua idade, vai perder pra mim seu viadinho! arghh. - Isso é o que vamos ver, vamos á um bar acabou a cachaça e não quero parar, sua bicha mentirosa. - Moleque era menino quando você mijava na calça e eu já tomava uma branquinha rsrsrsrs. - vamos pro bar tio, anda, deixa de papo. - Só se for agora, caso contrário não me chamo Mauro Weber o comedor eh... eh... eh... - Meu caro Mauro Weber, vou falar com o senhor, o mundo mudou um pouco, com esse machismo exacerbado o senhor mal mal dá uns pega na tia. -Não fala da minha velha, ela é diferente rapaz. - Não dizendo, Machista! as mulheres vão correr de você. - Cala boca, tenho mais cabelo que você e nem aparenta que sou quinze anos mais velho, meu topete ainda lembra o do Elvis. -Por um lado tio, foi uma pena ter saído tão novo de casa e ter convivido tão pouco contigo, poderíamos ser grandes parceiros.( risos). Ainda sou seu tio, se comporte garoto. - Saímos bêbados á procura do primeiro bar que aparecesse aos nossos olhos. Pela manhã, sofrido por uma ressaca infernal, abatido moralmente e psicológicamente, não continha tristeza em meu coração. Pensei que fosse momento de peregrinar novamente. Mas não ! não sem antes ver Carolina, meus antigos colegas e vir fazer o que devo fazer (ESCREVER). Faz meses que não escrevo, isso tem me deixado angustiado, preciso me desprender de tudo para voltar a ter inspiração. Fico perplexo as vezes como comportamento humano é estranho e ao mesmo tempo cheio de culpa, me silto culpado por algo que não fiz, pela minha existência, por olhar ao lado e ver a vida, as flores que outrora enredam minha relação de amor e ódio á vida. Hoje, contudo, nada me toca, quero chorar e meu coração não contenta com esse sofrimento. Não consiguo chorar, muito menos esboçar reação, fico parado na varanda olhando o sol queimar meu rosto pela manhã, saboreando a vida e sua contradição bela - Se por um momento pudesse viver nessa órbita metafísica que é o tempo, o tempo passa para todos nós, mas sinto cada instante como se fosse uma intolerante sucessão, nada pode agradar um homem de meia idade com tantas indagações - Penso alto, um velório, a vida seria um velório feliz ... logo em seguida censuro a mim mesmo pela ousadia de meus pensamentos, mas logo, relaxo e penso na bebedeira seguinte e nas anteriores, sei que isso pode me matar. (risos) viver na aresta do pensamento é estar assim próximo da fronteira de colizão, longe dos governos e das decisões insadecidas, mas perto de uma força bruta que lhe faz sempre reeguer e ouvir o coração - A bebeira rendeu bons frutos, esse estado deprimido e a relfexão sobre a vida pode ser um caminho, para enfim, voltar a escrever.

domingo, 23 de agosto de 2009

O ROMANCE V.

Artur sai de seu apartamento, correndo para a universidade, chegando no prédio procura o núcleo de ciências sociais, chegando lá se reúne com os alunos, pega a ementa do dia e sabe das aulas que vai dar, na sala dos professores sente um ranço de mediocridade subserviente, todos ... inclusive o próprio Artur via um misto de sinceridade e indignação em seu trabalho. Professores reclamando, alunos bajulando (...) Artur se encontrava cheio de tudo aquilo, mas ainda gostava de seu trabalho. Apesar do dia mal pago e do trabalho acumulado ainda se podia ver os frutos daquele trabalho, via-se pessoas transformadas pela educação.

Chega em sala de aula, atrapalhado, com uma roupa cinzenta escreve conceitos no quadro vive a deliberar conceitos e a debater com os alunos.
um Marxista ortodoxo, grita ao fundo - Não é bem assim professor! - Não concordo.
- como não ! estou explicando, as questões seguem na pauta do curso, concordar ou não é importante, mas acredito que seria outra discussão.
- Mas professor não interessa, eu quero saber sobre a situação Latino Americana, nós queremos cuspir na praga pregada na cruz chamada capitalismo! estamos cheios disso.
-Artur, delicadamente, diz: bom estou explicitando a teoria e vá com calma garoto, é apenas o primeiro período, ainda tem muito debate, colóquios ... quem sabe um dia... faça o que quiser, pouco me importa se no mundo há intelectuais de direita e de esqueda.
- com licença pessoal!
_ Artur sai pra fumar um cigarro, e fica no corredor se perguntando, como pudera estar até hoje emfurnado nessa universidade, seria o momento de tirar férias e terminar seu romance, leva esse intento tão á sério que não pensa duas vezes, ou se discute política e faz doutorado ou se lê o livro do mundo. Esse ranço acadêmico o mata cada dia mais.
-Desde que tudo se torna mercado de trabalho: Educação, religião, conhecimento etc... um título lhe renderá mais frustração ainda. Aquela viajem que desde a graduação fora adiada ... (ahhh) aquela viajem, talvez fosse o momento de pedir uma licença no departamento.
Depois de fumar o cigarro, volta a sala de Aula e diz: - como se chama rapaz?  -  ô comunista ?
- Me chamo Bernardo.
- Milita em algum partido, Bernardo?
- Sim! numa coligação pela América latina, socialismo na América latina. Um partido pequeno mas que vem tomando seu espaço democraticamente.
- Bom, sabe ao menos o que é socialismo?
- Ora, é uma revolução uma inversão da estrutura de uma sociedade ...
- Vago! muito vago. Não acha, simplesmente isso, tenho certeza. escute um poema:

 
Todas as noites batia nas portas, todas as portas se fechavam. Um gringo fedorento ungia em caçoar-me, não me contive, aos berros gritava "sou da América Latina". A cada grito de dor e penúria via minha vida , minha glória, minha família em algum lugar distante. obstante otimismo degenerado dos fracos... ainda tinha meu sarcasmo, mas não havia com quem contar. Foi juntando alguns trocados, como se junta as peças de um quebra cabeça sem peças. Me despedaçava e juntava os cacos de uma realidade adversa. No vácuo da escuridão subjetiva não tinha mais nada além do grito de dor ! " eu sou da América Latina" pertenço a uma família, mesmo que não tenha família, ainda que degradante e esgotado pelas peripécias da vida...eu sou, eu sou... da próspera e linda...
América latina, um dia hei de rever meus últimos dias nessa terra, ainda que seja a última coisa que faça na vida. Socorro! não há alento nesses olhos tristes que consomem muito para atenuar a dor. Não há dor suficiente para esses escárnios de um velho mundo em putrefacção adiantada. Não há norte para nós, nosso norte é ao sul. E este sul está condenado... não podemos culpar ninguém contento comigo mesmo. Meu contentamento é literatura. 


-O garoto empolgado responde, e pelo que lutamos uma virada cujo os exploradores serão explorados e o proletáriado será libertado de suas amarras.
- Poético! poético, mas meu caro Bernardo, você não diz nada, além de repetir um discurso vazio. Desculpe a franqueza, mas Revolução prediz uma mudança de paradigma, pouco importa se é social ou científica ou cultural ... Esse viés binário, esse maniqueísmo entre socialismo e capitalismo é uma compreensão fútil para nossos tempos, devemos compreender melhor a profundidade dos problemas; das mazelas, não sei se isso vai lhe agradar, mas vá com calma! Sou de um tempo em que um mundo melhor era possível e veja em que mundo estamos. - Esse poema escroto é do tempo em que o professor que vos fala queria ser escritor.
Acaba a aula, e o professor Weber sem pesar nenhum pega seus pertences e vai como se nada tivesse acontecido. Faz anos que sua vida se resume nesse movimento, e o pior sua limitação intelectual não lhe permite escrever um romance, fora treinado a preparar aulas e seminários, um acadêmico... nada mais que um acadêmico.
Depois de um dia de trabalho é preciso ir pra casa, o sol se põe,a solidão e cruel... entra em seu carro liga o som e aquela velha canção (...)

uma canção capaz de tocar seu coração, um coração forte ... que esconde no fundo a fraqueza de deixar pra trás mais um dia e viver a existência com louvor. Seus olhos lembram momentos felizes e tristes, lembram Domingos e Sabádos abandonados, lembram dias de paz. Reflete seus olhos no retrovisor e pensa consiguo mesmo: - Viver é lutar sempre, mas não consiguo lutar por tanto tempo uma luta que não parece ser minha, os povos gritam dentro de mim ... e a rotina me faz sentir no que acabo me tornando. Um acadêmico. -Rasgo meu sonho de ser escritor, prefiro viver errante ... Artur convencido, sai de sala de aula deteminadado a não voltar antes que tenha um romance em mãos, não aguenta viver sem inspiração, como poderia escrever? chega em seu velho apartamento com seu cheiro velho de poeira e livros e decide viver a vida.
Liga para rodoviária e reserva uma passagem para São Paulo ...
_ Amanhã de manhã sussurra ao telefone, sente-se feliz abre um litro de vinho, diz em voz alta:
- maravilha estou livre da minha merda de vida! que tal ligar para uma puta? risos, fala consiguo mesmo.
pega o telefone e liga para casas especializadas
-Alô, tudo bem , meu nome é Artur, preciso de uma prostituta bem gostosa, que tenha peitos grandes, e que fale bastante, ah ... que goste de beber...
fazia três meses que tinha terminado seu último relacionamento, as mulheres na vida de Artur não duravam muito tempo ... nem mesmo Artur entendia, mas fato é que não conseguia ser honesto com todas elas embora sempre houvesse uma em especial.
Abre o vinho se embriaga como nunca, um homem livre! grita mais alto! - um homem livre!
eu sou um homem livre, pendura-se na janela do trigessímo andar e grita: Um homem livre!
olha o apartamento da frente a mulher linda, com as pernas torneadas esperando o marido e ainda assim grita - um Homem livre! Caralho! quero trepar de janela aberta!
DING - DONG!
Artur atende a porta, uma loira linda vestida de vermelho, baton roxo, um vestido que dá tonalidade a seus quadris ... uma bunda única, cavada numa calçinha que se via de tão fina cravar seu fim.
- como vai gostosão?
- melhor agora, mas não precisa fazer cena, apenas beba, a casa é sua.
- (risos) Perdão, gato, mas essa casa precisa mesmo de um toque feminino, venha cá, o que você faz da vida.
- sou escritor!
- tem algum livro teu que eu possa ler, escreve sobre o que?
- bom, não tenho livro algum, mas creio que uma prostituta não leria livros meus, desculpe estou ficando bêbado mas é o que penso.
- Então pensa que sou puta por que quero, sei... você lê livros demais pra quem deseja escrever, apesar de gostar da minha profissão, dou apenas para pessoas que estão dispostos a pagar o que meu corpo vale, passei muito tempo estudando pra dar de graça.
- E o que você estudou querida?
- Arquitetura e tive um professor de Ciências sociais, bem parecido com você, muito sério com as alunas, tão profissional que nunca sonhei estar na sala dele hoje.
- A partir de hoje não sou mais professor querida, sou apenas escritor, um escritor sem romance e com muito tesão.
- Sabia que atrás daquele sério professor havia um espírito selvagem ... hum!
- então ela apertou seu corpo contra o meu, rasquei seu vestido, levantei seu corpo contra o meu a coloquei na janela arredei a calçinha fininha comecei a roçar meu ziper e a bater uma siririca pra ela, nem ao menos perguntei seu nome ... abri meu ziper enrabei-a por trás e em frente a janela os vizinhos que se danem! aquela cena poderia chocar mas era minha liberdade que estava em jogo e em meio aos gemidos da prostituda gostosa eu perguntei: - diz seu nome gostosa, diz: Jerusa meu amor! mais forte pro trás... põe mais forte! mais forte! e eu socava com força, a desgraçada gemia e pirava a cada gemido eu pirava mais ainda ... naquele frenezi louco, gritos de tesão e fingimento que seja, eram gritos... inspiração.
DONG DONG!
Jerusa vira-se pra mim e diz: - atende a porta meu bem
- dane-se a porta ...
- mas.. mas...
-cale a boca sua puta, e dei-lhe um tapa na cara...
- seu louco, continua ... desse jeito apaixono por ti.
DONG DONG!
- PORRA! me deixem trepar em paz!
- E a polícia senhor weber...
- vesti a roupa e nem gozei, a desgraça da polícia atrapalhou minha foda ... em minha juventude já tive em situações semelhantes, mas sempre tinha gozado antes.
- Ola em que posso ajudar?
- o senhor está totalmente embriagado, podemos relevar isso, pelo respeito que todos nós temos pelo senhor nessa cidade Professor.
Mas o sexo explícito! houve uma denuncia e viemos confirma-la.
- Nós não entramos por falta de mantado judicial e por se tratar de uma pessoa respeitada na cidade, mas vamos pedir ao senhor e a moça que nos acompanhe até a delegacia.
- Oh merda! vou me vestir, um momento.
Jerusa sua vagabunda, te arruma, vamos pra delegacia.
- olha sou apenas... o policial foi firme nesse momento- você vai a delegacia, lá se explica.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O ROMANCE IV.

Artur acorda de uma ressaca infernal, despede-se dos amigos outrora também de ressaca. Ainda se ouvia Romeu gritando no corredor - Minha cabeça dói; mas quero beber mais! Artur miserável, Artur! bebe meu Whisky e me manda embora! Sempre assim (...) Faço sua diversão e sou descartado. - Ah...ah... você é muito louco, vamos para o bar deixe o Artur, diz Luíz. Então foram embora os amigos e Artur Weber ficara sozinho.
Sentou em frente ao computador, em meio a livros e imbuído de coragem, escreve: Um beijo, na noite do festival de bandas da escola, todos os jovens correndo e afinando suas guitarras, Artur como era chamado na época, com seus cabelos corridos e sua pinta de garoto imponente. Lembra Artur - Nunca fui tão autosuficiente a vida me massacrou, me moldou, hoje sou um molde em forma de vida, um conformado com minha existência, e pior; talvez um conformado com minha própria conformidade perante vida. Lidar com a limitação e aceita-la como brinde, eis a vida de um académico. Escrever talvez fosse a única saída, literatura transgride a vida, ultrapassa os sentidos, se morre e renasce escrevendo. As lembranças fervilha o coração de Weber ... Festival e um beijo. Naquela noite antes dos preparativos, Carolina fora ver como andava os ensaios,curiosa, empolgada com os instrumentos, depara-se com Artur, então o menino Artur, como bem diria, corajoso e imponente; chama carolina para mostrar-lhe os bastidores do evento.
- Estou percebendo que está curiosa, posso te ajudar? Artur Weber, indaga Carolina.
- Não, estou apenas olhando ... nada demais
- Ora! quem quer olhar não se importa em ver de perto, vamos.
- Carolina consente.
Então ambos entram nos bastidores do evento e Weber mostra os instrumentos musicais e todo fervor daquele festival de bandas, com muita empolgação citando músicos e riffs ... Dizendo coisas como se fosse especialista no assunto. Carolina maravilhada com a aula que recebera achou sensacional a palestra.
- Diz Carolina, você é engraçado, as poucas vezes que conversei com você sempre me pareceu muito contido, muito tímido e na verdade não tem nada haver, você é um pouco louco, distraído e engraçado, muito atrapalhado também. - Nesse momento ambos estavam perto da quadra da escola no local onde seria o palco, havia um pomar atrás do palco e um sossego muito peculiar.
- Artur diz: você é linda! faz alguns dias que penso nesse momento e ... mesmo atrapalhado sei bem o que quero... chegando bem perto os corpos cintilantes juntos os lábios tecem um tocar; se afastam se entendem, desentendem de enfim um beijo! - Os corações sopram o vento sul do amor juvenil. Artur pensara que o momento devia parar, parar o tempo naquele dia seria renascer (...)
- Artur weber em frente ao computador, sente-se feliz e por um momento olhando o prédio vizinho, logo em frente quando olha as crianças e o pai se despedindo do filhinho pedindo ao papai pra ficar ou algo assim, Artur é pura emoção nesse momento, e chora desesperadamente, como se estivesse vendo uma peça teatral dramática, seus olhos não contém as lágrimas são lembranças, melancolia, alegria e saudade. Rasga o peito e se contém. Mais contido volta a escrever.
-Depois daquele beijo nossas vidas mudaram completamente, apreciamos juntos na escola tínhamos amigos e amigas em comum, dentre eles havia André. Interrompe novamente Artur, toma um gole de café, e desisti de escrever.
Sozinho, em teu peito, sente-se pouco disponível é melhor se apresar e ir até a universidade, debater política, ética ou se entediar em suas pesquisas de campo, precisa se libertar, deixar fluir esse ser social áspero de coração rude e retórica infalível.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O ROMANCE 3

Artur Weber anda de um lado para o outro insatisfeito com o que escrevera, de certa forma não aguentava a angústia de escrever livremente como um cavalo alado. Perdera totalmente o campasso. Resoluto, pensou: - talvez fosse o momento de parar, tinha provas a corrigir uma pesquisa a continuar; mas algo lhe impedia de parar. Sabia que não escrevia somente pra si mesmo, disso tinha convicção, e pensava que esse argumento poético não lhe valia, pois não era homem de falsa modéstia, um professor mediano, um homem circunspecto, altamente previsível academicamente, mas sabia de seu valor e de sua potencialidade. Conquistara o respeito que tinha por seu trabalho sério, dedicado, mas uma vida inteira dedicada ao trabalho e a educação embora fosse sua paixão desde sempre não bastava. Algo faltava; era fato, não se incomodaria se não terminasse nunca o romance, todavia lhe incomodaria muito publicar algo abaixo de sua própria expectativa. Arrogava de sua rigidez acadêmica, mas lhe faltava o mundo, um mundo a conquistar; o submundo das letras, os porões da linguagem onde as letras falam dançam e pregam peças em seus autores, se sentia um fantoche nas mãos de seu próprio romance e talvez fosse melhor assim, talvez escrevesse deixando as letras escreverem e no compasso de sua mente e sua mão, repousava a arte que buscara em tantos livros e de muito perto nunca pode comtemplar nos tratados de filosofia e literatura que lera na juventude. - Talvez, imaginara Artur Weber, somente os escritores podem ter essa sensação de ser levado a dizer o que nem sempre pensara em dizer e não dever satisfação a ninguém. Era noite, a janela do prédio em frente aberta, as crianças brincando com o pai, a mãe feliz por ter a família reunida e tudo que lhe restara naquele momento talvez fosse essa paisagem e o ato de escrever, sozinho, por opção ou inspiração, não se sabe ao certo, talvez fosse preciso. - Imterrompo meu próprio romance novamente pra lhes dizer: a solidão as vezes é criativa, mas dói, é preciso ter forças e buscar alento, a depressão as vezes pode ser a cura da morte, pois se morre em vida muitas vezes quando se está deprimido. Contudo é lícito a um homem que morre tantas vezes o dom da arte de escrever, talvez esse dom seja fruto dessa arte de morrer em vida. - Conclui Weber. Weber fita novamente a janela do prédio em frente ... sorri com os passos das crianças e escreve um poema. Na vida se vive, se chora, se ama.
Alguns homens nascem livres demais ...
vivem demasiadamente solitários, cativos,
Em meio sua própria liberdade.

Weber não se sente bem, hoje talvez seja um dia muito difícl; continuar falando de André e Carolina talvez seja impossível, mas é preciso terminar essa estória, e preciso terminar sempre... eis que vozes estrondantes entram pelo corredor e batem a porta do apartamento. Artur aliviado atende a porta e dá de cara com dois amigos professores do departamento de Ciências Sociais da universidade. - Um deles, o baixinho e falastrão Romeu diz em tom engraçado - Se Artur não vai a meca, maomé vai até Artur, veja o que trouxe meu amigo: Wisky do bom, diz em tom bêbado, cambaleante. - Vamos entrar, diz Artur, e obrigado pela comphania do Wisky, em tom irônico complementa. O outro amigo, Luiz, está tão sóbrio quanto seus olhos esbugalhados, mas eis que este trás consiguo uma cachaça das boas e diz: - minha contribuição para que possamos conversar, Artur, o que está lhe acontecendo amigo, você sumiu dos bares? - Estou escrevendo nas horas vagas, mas vamos beber... hoje não posso continuar no meu projeto preciso de um porre pra me sentir vivo. - É assim que se fala, Artur -(glup)- Romeu em soluções dizendo. - Artur o pessoal do bar diz que você anda escrevendo um romance é verdade? pergunta Luíz.
- Depende;estou cansado de me contentar com a vida que venho levando, resolvi escrever, pensei que fosse fácil mas algo me impede.
- Mas você é um professor competente, tem uma vida estável, e depois, já não somos tão jovens pra sofrer essas crises existenciais. Diz Luíz em tom crítico.
- contumaz Luiz, vai me dizer que realizou-se ? não tem sonhos, e quando acorda de manhã nunca se sente vazio?
- bom, Artur confesso que se não fosse minhas três filhas, e o amor imenso que sinto por elas não teria tanta razão de viver; não há nada no mundo mais belo que ver seus filhos crescerem depois de carrega-los no colo, confesso que isso me impulsiona a viver. Talvez se você tivesse família, por falar nisso, e sua família, depois que seus pais morreram nenhum irmão, parente, primo? Nada!
- Luíz sabes que não gosto de falar sobre esse assunto; mas depois que meus pais morreram escolhi me recolher, não tenho irmãos, sou filho único. Vivi a vida inteira para os meus pais e faria novamente, mas esse assunto doí,contudo, não quero evita-lo.
- Imterrompe Romeu: Ora se vocês quiserem conversar sobre isso, eu até entendo, vou contribuir com um "discurso" mas por favor! vamos beber mais antes de falar.
- Enfrentando um gole de wisky; Artur diz: Que diabos! acho que estamos bem, a bebida está ótima. Sabe Luíz não escolhi viver sozinho, não escolhi não ter filhos não me casar, ter relações pouco duradouras, sempre pensei que tivesse escolhido isso, mas estava enganado, na vida nos escolhemos, é verdade, mas algumas situações nos levam a nos acomodar.
- Não compreendo Artur, sinto muito - Diz luíz um pouco intrigado.
- bom... quase fui casado aos vinte nove anos me apaixonei perdidamente por uma mulher e depois de algums meses estávamos morando juntos, um dia ela simplismente foi embora, fiquei vagando, bebendo e me torturando durante um tempo, tantos sonhos em conjunto e um belo dia tudo se esvaiu, mas continuei a vida, sempre se continua a vida. Depois aos trinta e seis ... ( - uma pausa). Romeu insinua risos e caçoa doa amigo.
- A Tereza, aquela vagabunda, sabia Artur que você ainda amava aquela mulher (...) -Romeu completamente bebâdo interrompe a fala de Artur.
- Cale a boca, Romeu, beba mais e escute, não me interrompa.
- Sim a Tereza, hoje somos bons amigos, mas quase nos casamos não se lembram meus caros ?
- Mas nesse caso Artur, se me permite, foi você quem a traiu - Diz Luíz em tom esguio.
E Romeu deixe de ser machista e chamar todas as mulheres de vagabundas, todos nós sabemos como trata sua esposa, de forma tão carinhosa e romântica que nem parece esse bebâdo com quem falo. Aliás interessante o fato de que só está bebendo hoje pois ela viajou, caso contrário andarias na rédia como sempre foi seu casamento, o que acho ótimo como seu amigo, sua mulher lhe deu mais dignidade.
- Eu não quero me defender nesse estado, vamos, desculpe, continuem. Mas que é vagabunda é vagabunda... - Romeu delirando em meio a tanto Wisky parece rosnar em vez de dizer alguma coisa.
- Confesso Luíz, eu a traí, nossa separação talvez fosse questão de tempo, me acostumei a viver solitário de tal forma que quando estou gozando de uma felicidade conjugal, por irônia do destino acabo me envolvendo em siladas.
- Pois então amigo, uma vez traído podes imaginar a dor da traição em alguém com o espiríto tão puro como o de Tereza.
- Imagino tanto quanto posso beber; não sei se foi a vida amigos que me levou a estar escrevendo um romance, solteiro, aos querenta anos de idade, com uma merda! de emprego estável, um monte de compromissos, quando talvez quisesse ou pudesse viajar o mundo sem hora pra acordar, sem ler por compromisso, sem ter que trabalhar como um louco mais por necessidade que por prazer... mas de uma coisa eu sei; preciso disso. Esse romance pode me salvar, não preciso de um casamento, nem dos filhos que não tive, embora os do vizinho me deixe um tanto melancólico.
A noite avançara e Romeu durmiu ali mesmo num sofá; não se aguentou de bêbado, enquanto Artur e Luíz decidiram ir mais fundo na conversa.
- Luíz, concordo que suas três filhas sejam a razão do seu viver, adimiro o amor que tens por elas, e o amor que elas tem por você, mesmo morando tão longe. Talvez isso, lhe fortaleça e acho bonito, mas o que te faz um homem solitário não difere muito do que me faz um homem sozinho no mundo. Dois casamentos, tantas frustrações; seus namoricos após os cinquenta anos de idade, acho importante, você é um homem exemplar mas talvez tenha apenas suas três filhas mesmo.
- Artur; tenho a razão do meu viver, nos apegamos a pessoas e acreditamos demais nos outros, dependemos dos outros pra viver em sociedade, e suas atitues exêntricas as vezes vai contra essa natureza, me machuco muito com as pessoas ainda hoje ... e não acho que afastalas de mim me fará um homem feliz, prefiro me machucar novamente e viver naturalmente.
- Não sou um exêntrico por completo; e concordo com sua posição, mas a vida segue e as vezes não se escolhe como viver apenas cria-se armas para resistir ao vento impetuoso da vida, se não estiver preparado para se proteger podes sucumbir de vez, já pensou nisso?
- Se protejer o tempo todo contra o que Artur?
- Não me protejo literalmente, justamente por não me protejer e que vivo os pesadelos mais inóspitos dessa vida, e resisto firmemente. As vezes o que parece proteção é um ataque, nós confundimos muito as coisas, somos seres confusos, de sentimentos confusos, vivemos uma vida confusa e depois morremos. Talvez seja o momento de secar essa garrafa a conversa está ficando séria demais, não acha?
- Se não fosse um ser confuso, de sentimentos confusos, concordaria. Contudo me conte sobre o seu roamance.
-Luíz, creio que não possa contar muita coisa, estou tentando resgatar algumas memórias dar sentido a elas mas tenho a sensação que algo disforme acompanha meu romance, um sentimento estranho ... uma vontade de dizer ao mundo o que nunca poderei dizer numa sala de aula, o que pode comprometer meus planos se é que ainda existem planos.
- Amigo, não quero me intrometer, muito menos julga-lo, amizade é um sentimento estranho; a discordância e o respeito por caminhos diversos na maioria das vezes mantém os amigos unidos ainda que em mundos diferentes. Siga seu caminho, e vamos brindar.
- Pois não, um brinde a vida!
e secaram uma garrafa inteira de Wisky; nessas horas Artur inspirado, abriu a janela no trigésimo andar de gritava em versos ...

Acima as estrelas e o vento doce da noite ...
A lua vem ao nosso encontro numa instância superior.
Embaixo vejo a pequenez da escória da qual fazemos parte...
Mas podemos contemplar o céu acima de nós, no mar do chão carnal
que nos prende a vida na qual acabamos de brindar.

- Luíz desregradamente, grita:estamos bêbados!
viva a desrazão, somos patéticos (risos) se lembrar dos tempos em que vivíamos de bar em bar Weber; não faz muito tempo.
- Erámos uma família, uma pena o Erasmo se foi ... sinto falta dele, ele era a alma dos bêbados da cidade.
- Me lembro, Weber, a morte é algo tão sutil, é uma pena que a esposa dele não queria nos ver no velório e no enterro.
- Em meio risos; e melancôlia pela perda do amigo, Artur diz: A esposa dele nos acusa de te-lo incentivado a beber depois do diagnóstico, ele sabia que ia morrer, e nós respeitamos sua decisão como amigos, bebemos juntos até o último dia de sua vida.
Não me arrependo Luíz.
- Nem eu, Weber, nem eu ...
Depois de tanta bebedeira cada qual procura um aposento a fim de deitar e curar o álcool.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O ROMANCE..

Pela manhã, acorda Artur Weber pensando em seu romance, talvez nunca tenha passado por sua cabeça que escrever um romance fosse tão difícil (...) em sua infância nadou na correnteza dos contrários, passou alguns anos adoecido, se curou; jogava bola como um rei, queria ser jogador, organizava a pelada, chegou a se destacar(...) de certo não era de longe o melhor mas tinha talento; grande menino; ia a igreja com os pais, queria ser pastor, sonhava alto. Nesse tempo sua mãe ditava as ordens, as roupas e o comportamento, tinha sempre bom gosto, de família humilde, filho de operário, Artur Weber se destacava na escola dominical, tinha uma inteligência de menino e uma sabedoria de homem. Nas escrituras sagradas encontrava seu alívio. Menino esperto, organizava a pelada e o pessoal do bairro sempre o chamava, vivia descalço, jogando bola na rua, no clube, em todos os lugares, na escola não era tão ruim, tirava notas boas, sempre tinha uma paixão escondida por uma aluna, coisa de menino. Era contido, não gostava de muita bagunça, por vezes tímido, não chamava muita atenção ou não dava muita atenção ao que ocorria. As professoras do primário sempre diziam - esse menino vive no mundo da lua, é que na verdade tinha muita imaginação, desconstruía e construía o mundo, pensava no que poderia ser se fosse diferente, olhava os jardins da escola com uma atenção voltada aos beija-flores e seu espectáculo emquando se esquecia das lições de matemática, mas mesmo assim, era aplicado conseguia boas notas. Não era primeiro da classe mas chegava na ponta e tinha uma simpatia que conquistava as professoras.
O primário era colorido, lindo, as festas juninas então... corria saltava, era uma alegria só, é verdade que as mulheres amadurecem mais cedo, coisa que Artur não entendia naquela época. As meninas crescendo peitinhos e ele baixinho com aqueles cabelos corridos, não entendia muito bem. Demorou pouco tempo pra entender; mas ele adorava admira-las em secreto com um pudor despudorado, um menino que queria ser pastor já não sabia mais ao certo desde que viu o primeiro par de seios na blusa de uma loira que lhe deu um beijo no rosto na 4º série. A vida ia mudando cada dia mais... Artur como um pré adolescente comum frequentava a igreja, já não queria ser pastor, agora só queria jogar bola, e quem sabe, ser jogador profissional? cultivava um carinho especial pela diversão mas o terror começava a cerca-lo; em família se sentia pouco ambientado, personalidade forte, poucos amigos, muitos colegas, não gostava muito de conversar com os pais, talvez a religião tivesse lhe imputado tanto pudor que não conseguia se adaptar as mudanças de seu corpo, a voz teimava em engrossar, tinha desejo por mulheres mais velhas, principalmente as de dezessete e dezoito anos, entre os doze e treze anos de idade Artur Weber não gostava de comentar com amigos sobre mulheres, nem com seus pais, mas adorava sair as escondidas atrás de uma quadra onde jogava bola e ficar com as meninas que conseguia. No outro dia, pedia sigilo, era puro impulso, quando desejado demais pelas mocinhas lindas de sua idade sentia-se frustrado, pela cobrança dos amigos do futebol ficava intimidado, era inseguro e brilhante, mas muito atrapalhado. Numa das vezes se deixou levar pelas brincadeiras e zombarias e não suportava mais ... ao invés de se impor, aos quatorze anos tudo é diferente uma palavra se torna um terremoto, se intimidou, deixou que os outros falassem por ele, a começar pela própria casa, Artur Weber era obediente, seus pais eram muito rígidos e de certa forma viva uma vida regrada. Não saia como os meninos de sua idade e já não suportava os garotos de sua faixa etária, sua beleza chamava atenção das meninas, mas ele desprezava tal beleza embora fosse vaidoso, talvez, por ser um romântico sem saber. A cada dia ficava mais insuportável, e Artur aos quinze anos se apaixonou perdidamente; um namorico de garoto, mas nesse período já se sentia diferente dos demais, já não era mais o garoto que jogava bola, muito menos o aluno aplicado na escola, em matemática afundara, odiava sala de aula e estava lendo "Nietzsche", Marquês de Sade, entre outros poetas e filósofos nas aulas; isso quando não estava dormindo, pouco importava tempo, aceleração e atrito, ele buscava mais! não sabia o que queria exatamente. Mas os livros eram seus melhores amigos. -Acho que estou conseguindo expor: diz Artur Weber, meu romance não tem nexo, e uma autobiografia reflexiva, tenho lições pra dar a mim mesmo e talvez não termine; é um romance aberto. Espero na próxima página falar melhor desse namorico e de como descobri Nietzsche como anestésico as aulas horríveis que era obrigado a assistir pelo menos em corpo presente. Mas caro leitor, se um dia leres este romance, interprete como a tentativa de escrever a vida (...) se me equivoco, pelo menos tento escrever. - Deitado diante da mobília, Artur Weber Adormece, sem saber o que fazer, pois precisa escrever um romance e não sabe por onde começar.