sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O ROMANCE IV.

Artur acorda de uma ressaca infernal, despede-se dos amigos outrora também de ressaca. Ainda se ouvia Romeu gritando no corredor - Minha cabeça dói; mas quero beber mais! Artur miserável, Artur! bebe meu Whisky e me manda embora! Sempre assim (...) Faço sua diversão e sou descartado. - Ah...ah... você é muito louco, vamos para o bar deixe o Artur, diz Luíz. Então foram embora os amigos e Artur Weber ficara sozinho.
Sentou em frente ao computador, em meio a livros e imbuído de coragem, escreve: Um beijo, na noite do festival de bandas da escola, todos os jovens correndo e afinando suas guitarras, Artur como era chamado na época, com seus cabelos corridos e sua pinta de garoto imponente. Lembra Artur - Nunca fui tão autosuficiente a vida me massacrou, me moldou, hoje sou um molde em forma de vida, um conformado com minha existência, e pior; talvez um conformado com minha própria conformidade perante vida. Lidar com a limitação e aceita-la como brinde, eis a vida de um académico. Escrever talvez fosse a única saída, literatura transgride a vida, ultrapassa os sentidos, se morre e renasce escrevendo. As lembranças fervilha o coração de Weber ... Festival e um beijo. Naquela noite antes dos preparativos, Carolina fora ver como andava os ensaios,curiosa, empolgada com os instrumentos, depara-se com Artur, então o menino Artur, como bem diria, corajoso e imponente; chama carolina para mostrar-lhe os bastidores do evento.
- Estou percebendo que está curiosa, posso te ajudar? Artur Weber, indaga Carolina.
- Não, estou apenas olhando ... nada demais
- Ora! quem quer olhar não se importa em ver de perto, vamos.
- Carolina consente.
Então ambos entram nos bastidores do evento e Weber mostra os instrumentos musicais e todo fervor daquele festival de bandas, com muita empolgação citando músicos e riffs ... Dizendo coisas como se fosse especialista no assunto. Carolina maravilhada com a aula que recebera achou sensacional a palestra.
- Diz Carolina, você é engraçado, as poucas vezes que conversei com você sempre me pareceu muito contido, muito tímido e na verdade não tem nada haver, você é um pouco louco, distraído e engraçado, muito atrapalhado também. - Nesse momento ambos estavam perto da quadra da escola no local onde seria o palco, havia um pomar atrás do palco e um sossego muito peculiar.
- Artur diz: você é linda! faz alguns dias que penso nesse momento e ... mesmo atrapalhado sei bem o que quero... chegando bem perto os corpos cintilantes juntos os lábios tecem um tocar; se afastam se entendem, desentendem de enfim um beijo! - Os corações sopram o vento sul do amor juvenil. Artur pensara que o momento devia parar, parar o tempo naquele dia seria renascer (...)
- Artur weber em frente ao computador, sente-se feliz e por um momento olhando o prédio vizinho, logo em frente quando olha as crianças e o pai se despedindo do filhinho pedindo ao papai pra ficar ou algo assim, Artur é pura emoção nesse momento, e chora desesperadamente, como se estivesse vendo uma peça teatral dramática, seus olhos não contém as lágrimas são lembranças, melancolia, alegria e saudade. Rasga o peito e se contém. Mais contido volta a escrever.
-Depois daquele beijo nossas vidas mudaram completamente, apreciamos juntos na escola tínhamos amigos e amigas em comum, dentre eles havia André. Interrompe novamente Artur, toma um gole de café, e desisti de escrever.
Sozinho, em teu peito, sente-se pouco disponível é melhor se apresar e ir até a universidade, debater política, ética ou se entediar em suas pesquisas de campo, precisa se libertar, deixar fluir esse ser social áspero de coração rude e retórica infalível.