domingo, 23 de agosto de 2009

O ROMANCE V.

Artur sai de seu apartamento, correndo para a universidade, chegando no prédio procura o núcleo de ciências sociais, chegando lá se reúne com os alunos, pega a ementa do dia e sabe das aulas que vai dar, na sala dos professores sente um ranço de mediocridade subserviente, todos ... inclusive o próprio Artur via um misto de sinceridade e indignação em seu trabalho. Professores reclamando, alunos bajulando (...) Artur se encontrava cheio de tudo aquilo, mas ainda gostava de seu trabalho. Apesar do dia mal pago e do trabalho acumulado ainda se podia ver os frutos daquele trabalho, via-se pessoas transformadas pela educação.

Chega em sala de aula, atrapalhado, com uma roupa cinzenta escreve conceitos no quadro vive a deliberar conceitos e a debater com os alunos.
um Marxista ortodoxo, grita ao fundo - Não é bem assim professor! - Não concordo.
- como não ! estou explicando, as questões seguem na pauta do curso, concordar ou não é importante, mas acredito que seria outra discussão.
- Mas professor não interessa, eu quero saber sobre a situação Latino Americana, nós queremos cuspir na praga pregada na cruz chamada capitalismo! estamos cheios disso.
-Artur, delicadamente, diz: bom estou explicitando a teoria e vá com calma garoto, é apenas o primeiro período, ainda tem muito debate, colóquios ... quem sabe um dia... faça o que quiser, pouco me importa se no mundo há intelectuais de direita e de esqueda.
- com licença pessoal!
_ Artur sai pra fumar um cigarro, e fica no corredor se perguntando, como pudera estar até hoje emfurnado nessa universidade, seria o momento de tirar férias e terminar seu romance, leva esse intento tão á sério que não pensa duas vezes, ou se discute política e faz doutorado ou se lê o livro do mundo. Esse ranço acadêmico o mata cada dia mais.
-Desde que tudo se torna mercado de trabalho: Educação, religião, conhecimento etc... um título lhe renderá mais frustração ainda. Aquela viajem que desde a graduação fora adiada ... (ahhh) aquela viajem, talvez fosse o momento de pedir uma licença no departamento.
Depois de fumar o cigarro, volta a sala de Aula e diz: - como se chama rapaz?  -  ô comunista ?
- Me chamo Bernardo.
- Milita em algum partido, Bernardo?
- Sim! numa coligação pela América latina, socialismo na América latina. Um partido pequeno mas que vem tomando seu espaço democraticamente.
- Bom, sabe ao menos o que é socialismo?
- Ora, é uma revolução uma inversão da estrutura de uma sociedade ...
- Vago! muito vago. Não acha, simplesmente isso, tenho certeza. escute um poema:

 
Todas as noites batia nas portas, todas as portas se fechavam. Um gringo fedorento ungia em caçoar-me, não me contive, aos berros gritava "sou da América Latina". A cada grito de dor e penúria via minha vida , minha glória, minha família em algum lugar distante. obstante otimismo degenerado dos fracos... ainda tinha meu sarcasmo, mas não havia com quem contar. Foi juntando alguns trocados, como se junta as peças de um quebra cabeça sem peças. Me despedaçava e juntava os cacos de uma realidade adversa. No vácuo da escuridão subjetiva não tinha mais nada além do grito de dor ! " eu sou da América Latina" pertenço a uma família, mesmo que não tenha família, ainda que degradante e esgotado pelas peripécias da vida...eu sou, eu sou... da próspera e linda...
América latina, um dia hei de rever meus últimos dias nessa terra, ainda que seja a última coisa que faça na vida. Socorro! não há alento nesses olhos tristes que consomem muito para atenuar a dor. Não há dor suficiente para esses escárnios de um velho mundo em putrefacção adiantada. Não há norte para nós, nosso norte é ao sul. E este sul está condenado... não podemos culpar ninguém contento comigo mesmo. Meu contentamento é literatura. 


-O garoto empolgado responde, e pelo que lutamos uma virada cujo os exploradores serão explorados e o proletáriado será libertado de suas amarras.
- Poético! poético, mas meu caro Bernardo, você não diz nada, além de repetir um discurso vazio. Desculpe a franqueza, mas Revolução prediz uma mudança de paradigma, pouco importa se é social ou científica ou cultural ... Esse viés binário, esse maniqueísmo entre socialismo e capitalismo é uma compreensão fútil para nossos tempos, devemos compreender melhor a profundidade dos problemas; das mazelas, não sei se isso vai lhe agradar, mas vá com calma! Sou de um tempo em que um mundo melhor era possível e veja em que mundo estamos. - Esse poema escroto é do tempo em que o professor que vos fala queria ser escritor.
Acaba a aula, e o professor Weber sem pesar nenhum pega seus pertences e vai como se nada tivesse acontecido. Faz anos que sua vida se resume nesse movimento, e o pior sua limitação intelectual não lhe permite escrever um romance, fora treinado a preparar aulas e seminários, um acadêmico... nada mais que um acadêmico.
Depois de um dia de trabalho é preciso ir pra casa, o sol se põe,a solidão e cruel... entra em seu carro liga o som e aquela velha canção (...)

uma canção capaz de tocar seu coração, um coração forte ... que esconde no fundo a fraqueza de deixar pra trás mais um dia e viver a existência com louvor. Seus olhos lembram momentos felizes e tristes, lembram Domingos e Sabádos abandonados, lembram dias de paz. Reflete seus olhos no retrovisor e pensa consiguo mesmo: - Viver é lutar sempre, mas não consiguo lutar por tanto tempo uma luta que não parece ser minha, os povos gritam dentro de mim ... e a rotina me faz sentir no que acabo me tornando. Um acadêmico. -Rasgo meu sonho de ser escritor, prefiro viver errante ... Artur convencido, sai de sala de aula deteminadado a não voltar antes que tenha um romance em mãos, não aguenta viver sem inspiração, como poderia escrever? chega em seu velho apartamento com seu cheiro velho de poeira e livros e decide viver a vida.
Liga para rodoviária e reserva uma passagem para São Paulo ...
_ Amanhã de manhã sussurra ao telefone, sente-se feliz abre um litro de vinho, diz em voz alta:
- maravilha estou livre da minha merda de vida! que tal ligar para uma puta? risos, fala consiguo mesmo.
pega o telefone e liga para casas especializadas
-Alô, tudo bem , meu nome é Artur, preciso de uma prostituta bem gostosa, que tenha peitos grandes, e que fale bastante, ah ... que goste de beber...
fazia três meses que tinha terminado seu último relacionamento, as mulheres na vida de Artur não duravam muito tempo ... nem mesmo Artur entendia, mas fato é que não conseguia ser honesto com todas elas embora sempre houvesse uma em especial.
Abre o vinho se embriaga como nunca, um homem livre! grita mais alto! - um homem livre!
eu sou um homem livre, pendura-se na janela do trigessímo andar e grita: Um homem livre!
olha o apartamento da frente a mulher linda, com as pernas torneadas esperando o marido e ainda assim grita - um Homem livre! Caralho! quero trepar de janela aberta!
DING - DONG!
Artur atende a porta, uma loira linda vestida de vermelho, baton roxo, um vestido que dá tonalidade a seus quadris ... uma bunda única, cavada numa calçinha que se via de tão fina cravar seu fim.
- como vai gostosão?
- melhor agora, mas não precisa fazer cena, apenas beba, a casa é sua.
- (risos) Perdão, gato, mas essa casa precisa mesmo de um toque feminino, venha cá, o que você faz da vida.
- sou escritor!
- tem algum livro teu que eu possa ler, escreve sobre o que?
- bom, não tenho livro algum, mas creio que uma prostituta não leria livros meus, desculpe estou ficando bêbado mas é o que penso.
- Então pensa que sou puta por que quero, sei... você lê livros demais pra quem deseja escrever, apesar de gostar da minha profissão, dou apenas para pessoas que estão dispostos a pagar o que meu corpo vale, passei muito tempo estudando pra dar de graça.
- E o que você estudou querida?
- Arquitetura e tive um professor de Ciências sociais, bem parecido com você, muito sério com as alunas, tão profissional que nunca sonhei estar na sala dele hoje.
- A partir de hoje não sou mais professor querida, sou apenas escritor, um escritor sem romance e com muito tesão.
- Sabia que atrás daquele sério professor havia um espírito selvagem ... hum!
- então ela apertou seu corpo contra o meu, rasquei seu vestido, levantei seu corpo contra o meu a coloquei na janela arredei a calçinha fininha comecei a roçar meu ziper e a bater uma siririca pra ela, nem ao menos perguntei seu nome ... abri meu ziper enrabei-a por trás e em frente a janela os vizinhos que se danem! aquela cena poderia chocar mas era minha liberdade que estava em jogo e em meio aos gemidos da prostituda gostosa eu perguntei: - diz seu nome gostosa, diz: Jerusa meu amor! mais forte pro trás... põe mais forte! mais forte! e eu socava com força, a desgraçada gemia e pirava a cada gemido eu pirava mais ainda ... naquele frenezi louco, gritos de tesão e fingimento que seja, eram gritos... inspiração.
DONG DONG!
Jerusa vira-se pra mim e diz: - atende a porta meu bem
- dane-se a porta ...
- mas.. mas...
-cale a boca sua puta, e dei-lhe um tapa na cara...
- seu louco, continua ... desse jeito apaixono por ti.
DONG DONG!
- PORRA! me deixem trepar em paz!
- E a polícia senhor weber...
- vesti a roupa e nem gozei, a desgraça da polícia atrapalhou minha foda ... em minha juventude já tive em situações semelhantes, mas sempre tinha gozado antes.
- Ola em que posso ajudar?
- o senhor está totalmente embriagado, podemos relevar isso, pelo respeito que todos nós temos pelo senhor nessa cidade Professor.
Mas o sexo explícito! houve uma denuncia e viemos confirma-la.
- Nós não entramos por falta de mantado judicial e por se tratar de uma pessoa respeitada na cidade, mas vamos pedir ao senhor e a moça que nos acompanhe até a delegacia.
- Oh merda! vou me vestir, um momento.
Jerusa sua vagabunda, te arruma, vamos pra delegacia.
- olha sou apenas... o policial foi firme nesse momento- você vai a delegacia, lá se explica.