domingo, 27 de julho de 2008

América latina em algum lugar...

Todas as noites batia nas portas, todas as portas se fechavam. Um gringo fedorento ungia em caçoar-me, não me contive, aos berros gritava "sou da América Latina". A cada grito de dor e penúria via minha vida , minha glória, minha família em algum lugar distante. obstante otimismo degenerado dos fracos... ainda tinha meu sarcasmo, mas não havia com quem contar. Foi juntando alguns trocados, como se junta as peças de um quebra cabeça sem peças. Me despedaçava e juntava os cacos de uma realidade adversa. No vácuo da escuridão subjetiva não tinha mais nada além do grito de dor ! " eu sou da América Latina" pertenço a uma família, mesmo que não tenha família, ainda que degradante e esgotado pelas peripécias da vida...eu sou, eu sou... da próspera e linda...
América latina, um dia hei de rever meus últimos dias nessa terra, ainda que seja a última coisa que faça na vida. Socorro! não há alento nesses olhos tristes que consomem muito para atenuar a dor. Não há dor suficiente para esses escárnios de um velho mundo em putrefacção adiantada. Não há norte para nós, nosso norte é ao sul. E este sul está condenado... não podemos culpar ninguém contento comigo mesmo. Meu contentamento é literatura.

sábado, 19 de julho de 2008

Pesadelo II.

Em meio à escuridão de um pátio sobrevoava minha alma, como se se salta aos olhos esbugalhados
via toda a multidão mutilada em suas casas. Como uma antena de TV sobrevoava, era um sinal, um radar para além dos universos paralelos, duplicava-me em experiência dúbia, eram todos e ainda sim... Pude perceber que não me desintegrava.
Meus ossos derretiam em frente minhas retinas, meus lábios caíam como labaredas de fogo. Em meio ao álcool em meio o enxofre... Mantinha relações sexuais com uma linda jovem de rosto desconhecido. Sua vagina era linda, tinha um odor especial que me hipnotizava, aquietava os meus lábios.
Sim! Eu era hibrído, transava comigo mesmo. Não preciso entender que minha vagina era meu pênis que penetrava em minha própria vagina... E aquela linda jovem sem rosto talvez fosse alguém desconhecido ou eu mesmo, quem sabe? Mesmo assim eu penetrava com assas prazer, sentia um prazer imenso em meio à selvageria, como um animal eu continuava.
Não havia consciência. Meus instintos sopravam um vento sul uivante, tudo era prazer, me desintegrava como partículas minúsculas e não me via mais, não havia mulher... Nem sequer minha presença havia. Mesmo sonhando era tudo alucinação. De repente em outro lugar, numa construção sem nexo, mofada prestes a cair, o teto começou a desabar, via-me correndo como um louco... Quando de súbito, esse prédio se transformou na calmaria de um jardim cercado por um lago quase transparente, então eu mesmo dizia - estou no paraíso! Talvez o paraíso fosse apenas uma falácia, mas uma mulher de branco, cabelos negros olhos castanhos passava á certa distância, não queria sair daquele lugar, talvez meu lugar fosse junto dela. De sobressalto acordei assustado, transpirando muito, era um calor infernal... Naquela tarde talvez, tenha visto o bastante por um dia. Contudo se existe algo mais assimétrico que os nossos sonhos e pesadelos, nossa realidade incomum ainda não conseguiu transcender. Apesar de todas as teorias sobre esse fenômeno, me reporto a percepção do acordado. Por pior que seja, transar consigo mesmo deve ser muito pior. (risos).

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Um Sobrevivente.

Afinal quem somos nós? Não podemos escolher nosso próprio destino, assim como todo destino, o destino dos sábios é a solidão. Não podemos viver sozinhos o tempo todo, mas quando se passa muito tempo só o outro é apenas um conceito, pouco importa. Mas todos lhe perguntam o tempo todo se é feliz e você diz deliberadamente que sim, mesmo que por instinto. Vivemos projetando um futuro que não existe. Se fizermos tudo da melhor forma, ainda sim, não existe futuro. O futuro é uma covardia. Somos covardes ilhados em nosso próprio sentimento, somos egoístas a ponto de possuir outrem. Somos manipuladores, deveríamos estar mortos... mas ainda somos capazes de muitas proezas e uma delas e reconhecer que somos um nada a procura de algo. Como nada, o caos convém, o tumulto a rebelião é necessária! É preciso estar vivo, e estar vivo é muito mais que simplesmente viver, sobreviver é uma arte reconhecida por poucos. assinado: um sobrevivente.

Pesadelo.

Abnego-me fazer sentido para leitores sem sensibilidade poética, prefiro não publicar, prefiro não ser visto. Sou um fugir eterno... Ainda ontem tive um sonho, sonhava que meu pesadelo se repetida e os paradoxos de uma consciência qualquer diante de meus olhos fugaz e meio a fúria incandescente me intimidavam. Acordei despedaçado, como se minhas entranhas cuspissem para fora de meu corpo toda subjetividade vil, cheia em alegria e dor. Só assim pude perceber que meu orgulho ainda era maior, e por pior que fosse ainda poderia escrever essas linhas. Muitas coisas passaram em minha mente naquela noite fria, as vozes soavam em coro eu era único em meio à multidão, e meus sentidos voltavam contra mim.

Foi difícil me suportar, um lábio doce me tocou cabelos loiros, um perfume mais belo que qualquer outra essência. Por um breve instante me senti seguro, as pessoas falavam, só falavam nós ouvíamos o estalar de nossos lábios, o silêncio diligente entre nós dois incomodava. Nossas mentes se tocavam, naquele breve instante... Mas logo o caos chamou a calmaria, e uma bela jovem me tocava de forma descomunal ouvia a voz de um homem afeminado que dizia coisas insalubres, eu fugia, como se escolhesse a próxima janela a entrar.

Inquieto, pulei da janela de um edifício e enquanto caia as janelas corriam em minha mente. Ficava agressivo, logo em seguida vinha à calmaria. As cores pulavam em minhas pálpebras. De repente a linda loira se tornava duas morenas. Dois lábios sugavam minha virilidade, extasiado não queria parar... Não podia parar, não sabia aonde ir... Onde estava! pra onde ia. Onde! Ao longe minha saudade esfacelada de um rosto nu que mal via me angustiava. A distância às vezes é mais dura que o pior dos pesadelos. O pior dos pesadelos ainda é pouco, por pouco não volto... Quase me perco.

Talvez não tenha outra chance do outro lado. Embora seja breve, posso sentir meus sentimentos, por mais miserável que seja tudo isso ainda é sublime.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Dor.

Há dias em que devemos externalizar a dor
esse grito que urge em nosso peito, tua voz assas
boceja em meu nariz escárnio.
Não vejo mais nada.

Logo em seguida fico paralisado
olhando tudo em minha volta, ouvindo ecos,
são vozes que não querem calar...
Dar lugar a alvorada é uma questão de tato.

sou o estrume de uma existência
vagabunda. O mal cheiro da beleza de
um corpo putrefato.

Somos nós. Oh! existência maldita,
não me julgues, te quero como te odeio.
Meu ódio é amor incondicional.

Nas crostas de uma pedra qualquer
lapidei minhas garras.
Sou forte o bastante, posso passar por ti.
mas nunca hei de esquecer teu rosto eloquente.

já não faz sentido ter sonhos psicodélicos
se em meus sonhos, sua realidade e menos real.
Tal qual beleza questionável da realidade
peço aos Deuses, que seja verdade, e mesmo que não
seja, hei de passar por ti.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Do outro lado.

Não te importes, preciso me esconder sempre.
E necessário passar pelo lago frio da solidão
Pelo menos uma vez na vida, e ir fundo, no limite,
bem perto do outro lado.

Daquilo que não é, nem pode ser...
É preciso ir fundo, ir além, é preciso passar
Pelas chamas do inferno dentro de nós mesmos.
É preciso não ter pudor, é preciso entender. Entenda!
Não é preciso ter pudor.

Não é preciso fazer amor, teu sexo, tua boca
Teus seios bastam. Ainda assim, é preciso ir
Além, do outro lado.
Além do limite, onde só os fortes ousaram pisar.

Ainda sim, é preciso ir além. Chegar do outro lado.
Mesmo que pra dizer: não vi nada.
Ainda que junto de ti, estou só, estamos sós.
Não há culpados, ninguém é inocente.
Basta ver do outro lado.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Contraste.

O contraste da beleza da natureza
e a beleza humana, são diafragmas
de uma podridão que não tem estilo literário.

A beleza do rídiculo, esteticamente
compulsivo, com o amor egoísta inerente á todos nós.
e o agouro desespero á angústia disfarçada,
a beleza esfacelada do fingir dissimulado.

São entranhas da pureza,roupa suja
em nossas mesas um querer sem querer.
Somos o vil, o escroto. o poético, o fundo do poço
com ou sem ereção.

Eis a paisagem linguística, desesperada
poesia dê um grito por todos nós.
meu socorro... seu socorro! É um risco
a correr.

Correndo fugindo, fingindo, nos apegando nesse eterno
despedir. despedir despedaçado quem me dera
um pedaço,seria muito. Seria muito, muito pouco
repartir.

Da costela de um homem resigna-se
todo sentido, o que não faz sentido.
o que não faz sentir.
Da marginála dentre os escarros, sobe ao fugir
os nobres que outrora há de querer?

Não me digas, não me afague,teu suspiro
cheira despedida. Não diga, não se cale.
não diga que não há de me ver
pois sem esperança hei de viver.
ainda que do meu desencontro
subjetivo e suas sombras escuras
guarde o amor.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Na verdade: Nada.

Na verdade; tudo refletido.
Verdade.
Verdade refletida. Espelho embaraçado,
Abstrato, nem sempre é fácil.
A tendência é tensa; as palavras são tendenciosas.
Na verdade, o verde rio reflete á rosa.
Nesse flerte de paz
Aguça áspera paranóia
Para quem quer que seja.
Ninguém.

TEMPO.

Faz um tempo que eu dei um tempo,
Mas o tempo ainda não passou.
Se no tempo que o tempo passa
Vê se passa tempo, tempo já passou.

Faz mil dias e eu não te esqueço
Se me lembro quero te esquecer.
Já faz tempo que se deu um tempo.
Já faz tanto tempo, quero descrever.

Já são quase duas da manhã,
Uma hora isso vai acabar
Mas uma hora ainda está longe
são quase quatro; vou continuar.

Estou esperando o tempo e o vento.
Faz muito tempo e ainda não vento.
Se for vento, vento vira tempo,
Tempo vira vento. O vento assoprou.

Reflexoes

Às vezes o tempo não se limita à cronologia convencional. Ontem vi uma fotografia; ela datava 1989. Um ano mórbido, talvez, não havia Napoleão, muito menos uma guerra, talvez houvesse um muro de Berlim a ser derrubado, mas não é esse o foco. O que importa é que estava com o ano de 1989 em minhas mãos, a fotografia pode parar o tempo ou o tempo não para? Não há uma cronologia, há um devir. Por isso, posso dizer que o eu da fotografia não é o mesmo eu que estou escrevendo sobre a fotografia, mas sim um outro eu, inteiro, na multiplicidade de “eus” que há em mim que outrora sou eu mesmo. O que nos leva a indagar o tempo e sua cornologia. Tomo a liberdade de conceituar o tempo como uma linha reta submersa numa diversidade de linhas, tensões, acontecimentos e conflitos tudo aquilo inerente a nossa compreensão histórica de tempo, dá passagem para um eterno retorno Nietzscheano, cuja capacidade de criação, inclusive da própria vida é o que interessa. Não há passado, o passado é um reflexo dos preconceitos morais a serem abatidos pelo novo homem, não perspectivismo, todo perspectivismo gera uma crança absoluta, seja na razão ou na religião. Porém o que nos resta é a criação, criar nossa existência faze-la da melhor forma possível é possível.

SUBJETIVIDADE.

Sou apenas o que resta de uma mente perturbada na madrugada de um dia qualquer diante de quatro paredes,escuras, ocultas e obsoletas que nada pode dizer. Suspiro um som leve,leve como cômodas abstratas ao meu redor. Suspiro um som leve e solto sopra em meus ouvidos, será minha consciência? mesmo que fosse ... Pouco importa, já não faço questão de interpretar as paredes dessa subjetividade esdrúxula. São rostos mortais de uma banalidade vil, uma úlcera de espasmos musculares dilacerados em paredes mórbidas que nada dizem de importante. Meus paradoxos são pontos cruciais de uma baboseira. Não devia ser lido. Portanto traço minha linha de fuga falando o que vem a cabeça de forma dionisíaca. São apenas signos, pouco importa, nada importa. Desconstrua tudo e quando não sobrar mais nada., esse é o seu território.