segunda-feira, 30 de agosto de 2010

PESADELO. ROMANCE 7.

-Como é difícil escrever, ainda não me dei conta do que se trata quebrar regras e paradigmas gramáticais. Vejo essa papelada e tenho nojo, olho as ruas desse bairro e tenho vontade de vomitar sinto um vazio intenso e já é madrugada, sentado nessa cadeira fumando como uma chaleira não sei onde vou parar - Me diz onde vou parar? Olho para o teto com repugnância sem toscanejar - preciso fumar outro cigarro, são duas, três, quatro da manhã e nada pensamentos vem a mente me deparo com uma dor no peito como se levasse o peso do mundo nas costas. Como deveras por hábito vou durmir um pouco já passam das cinco da manhã - caminho lentamente até a geladeira e tomo duas cervejas pra embalar o sono.

 Em meio à escuridão de um pátio sobrevoava minha alma, como se se salta aos olhos esbugalhados
via toda a multidão mutilada em suas casas. Como uma antena de TV sobrevoava, era um sinal, um radar para além dos universos paralelos, duplicava-me em experiência dúbia, eram todos e ainda sim... Pude perceber que não me desintegrava.
Meus ossos derretiam em frente minhas retinas, meus lábios caíam como labaredas de fogo. Em meio ao álcool em meio o enxofre... Mantinha relações sexuais com uma linda jovem de rosto desconhecido. Sua vagina era linda, tinha um odor especial que me hipnotizava, aquietava os meus lábios.
Sim! Eu era hibrído, transava comigo mesmo. Não preciso entender que minha vagina era meu pênis que penetrava em minha própria vagina... E aquela linda jovem sem rosto talvez fosse alguém desconhecido ou eu mesmo, quem sabe? Mesmo assim eu penetrava com assas prazer, sentia um prazer imenso em meio à selvageria, como um animal eu continuava.
Não havia consciência. Meus instintos sopravam um vento sul uivante, tudo era prazer, me desintegrava como partículas minúsculas e não me via mais, não havia mulher... Nem sequer minha presença havia. Mesmo sonhando era tudo alucinação. De repente em outro lugar, numa construção sem nexo, mofada prestes a cair, o teto começou a desabar, via-me correndo como um louco... Quando de súbito, esse prédio se transformou na calmaria de um jardim cercado por um lago quase transparente, então eu mesmo dizia - estou no paraíso! Talvez o paraíso fosse apenas uma falácia, mas uma mulher de branco, cabelos negros olhos castanhos passava á certa distância, não queria sair daquele lugar, talvez meu lugar fosse junto dela. De sobressalto acordei assustado, transpirando muito, era um calor infernal... Naquela tarde talvez, tenha visto o bastante por um dia. Contudo se existe algo mais assimétrico que os nossos sonhos e pesadelos, nossa realidade incomum ainda não conseguiu transcender. Apesar de todas as teorias sobre esse fenômeno, me reporto a percepção do acordado. Por pior que seja, transar consigo mesmo deve ser muito pior. (risos).

- Acordei subitamente assustado e excitado com tudo isso, de fato, agora tinha sobre o que escrever ,pelo menos um pouco de inspiração para uma noite regada a cigarro e cerveja - conheci um sujeito chamado Lennon um garoto de vinte e poucos anos  -  cara agitado, gosta de ler o que escrevo formou-se em letras na faculdade local mas ninguém lhe dá emprego, é um sujeito um pouco espalhafatoso, adora drogas e vive pegando as menininhas do bairro  - esse garoto é meu relfexo - pensei comigo, mas fica assímetrico um coroa saindo com um garoto pra chapar todas, de qualquer maneira o que me importa mesmo ? - escrever ... escrever mais nada.  Preciso de intensidade pra isso, esse garoto leva bebida e fuma maconha o dia inteiro na minha casa, ainda sou respeitado, mas pensando bem... respeito e caridade são duas coisas controversas . Lennon não tinha dinheiro e até mesmo o fato de estar andando comigo era culpa dele. Apesar de não fumar maconha há séculos nunca o censurei e por vezes tinha que carrega-lo pois o garoto não sabia beber (...)he he he! ainda assim o marginal era ele.  - A voz do povo é a voz de Deus, quanta ignorância contida nos ditados populares, os  pais de Lennon, muito respeitados, falavam de todos os filhos das pessoas da cidade, como se fossem pessoas execráveis, não gostava dos seus pais, mas o garoto não tinha nada com isso.

                                                           O assunto Andé:

comumente, depois de um porre daqueles afim de sentir-me mais vivo, disse a Lennon - Me diga com sinceridade, cara, se você tivesse um grande amigo, um irmão, e suas vidas fossem separadas por algo ruim, trágico, sem volta. - Me responda Lennon, por favor! há como voltar atrás?
- Não tenho idéia, nunca tive um grande amigo, meu primeiro amigo é você Weber! sou um tolo, mas perdoaria meus inimigos quem dirá um amigo.
- Cara, isso faz anos,  não sei se estou em tempo de revogar da minha decisão.  - Lennon a vida é cruel, mas é linda ao mesmo tempo, e sabe o que há de mais interessante nisso tudo:  Essa é a beleza da vida.  Gosto de você  garoto, não deixe esses profissionais em roubar sonhos, lhe dizer o que você é e deve fazer, se ainda posso fazer alguma coisa por alguém nessa etapa da minha vida, eu quero te ajudar, se apresente semana que vem na universidade na qual lhe darei o endereço e o telefone em casa, pois, agora estou muito bebâdo, vá em frente escreva teus contos, e exerça sua profissão. Aqui não lhe darão emprego, nessas escolas e faculdades dominadas por políticos safados! é isso mesmo - Grita com volúpia Artur Weber, gente interesseira, não há mais compromisso com a arte, com quem vira a madrugada escrevendo ensaios muito menos com uma "mula" que escreve um romance depois de anos lecionando. - Escutem, meu nome é Artur Weber nascido e criado nesse lugar, hoje, não sei mais o que dizer ... Será que os sonhos estão na contra-mão, olhem para todos nós.
- Calma Weber, você bebeu demais por hoje, fico grato pelo apoio, mas não vou á lugar nenhum antes que me reconheçam aqui. Não vou fugir, concordo com você, mas quando for; irei como um sujeito que não se ausentou as críticas, muitas delas meu amigo, são verídicas. Outras, faz parte da hipocrisia da qual todos nós entendemos muito bem, afinal todos conhecem meus pais, eu também os conheço, e sei que nunca falaram bem de você. No entando você é o único amigo do filho deles.
- Eu perdi garoto, não faça como eu, estou orgulhoso de você. - Se chama André  -  QUEM ?  O grande amigo que perdi, não sei onde ele está ao certo,  não sei o que fazer, mas estou descobrindo que a chave para esse romance depende muito de como vou me portar diante dessa situação. Preciso dar um fim nessa angústia.

Sabe o preço que vai pagar não indo embora dessa joça, e enfrentando tudo de frente, faz idéia Lennon? - Weber muda de assunto de repente.
- Quanto vale mesmo um homem? Me perguntou sorrindo levemente, naquele dia eu via um rosto diferente, Lennon parecia entender algo que eu não sabia , por ignorância, e me ensinava de maneira suscita. -   Meu púpilo!  seu filho da mãe. - fitei seus olhos de forma ávida e disse-lhe :  Bom, eu gosto de você e por isso, somente por isso, vou repetir, sabe do preço que vai pagar nessa cidade desgraçada, que te difamou. Sabe como as pessoas te olham ?  Pois bem, da mesma forma como me olhavam, da mesma forma que sempre olharam para as pessoas perigosas para elas, pensas que pensam! entendeu garoto. Se você pensa é um alvo fácil, num minuto de bobeira eles fazem tua barba e ainda come teu rabo! isso sem você pensar duas vezes. Eu não sei o que vai ser de minha vida venho quebrando regras e degenerando desde que resolvi escrever esse romance e reencontrar com os meus fantasmas do passado. -  Lennon se quiser ainda há tempo para fugir, mas se fugir para ficar como eu, é melhor enfrentar tudo de frente. - Por algum minuto fiquei pensando como um garoto tinha conseguido entender tudo que levei tanto tempo pra entender, agora o jogo tinha invertido, o inveterado e são era ele, e o sádico e porra louca , além de velho e medroso era eu, de fato era. Talvez socialmente isso não estivesse bem claro mas diante daquele olhar imponente, Lennon me deu a resposta que abriu as portas não só da sua vida, mas da minha percepção. -  Por mais nos roubem a liberdade, a fala o corpo e nossa subsistência, nunca roubaram minha alma. - Meu romance é minha alma, quando escrevo escrevo com a alma, não preciso  ser artista nem o que sou, sou apenas alma.

O ROMANCE 8.
  
Hoje recebo a última parcela so seguro desemprego, estou completamente duro e tarado esse bairro fedorento essas mulheres noiadas, todas elas se prostituem por drogas, que merda! deviam honrar suas bucetas e prostituir-se de verdade porém a cada canto uma puta noiada. Mais uma vez vou eu me meter com mujlher casada pra afugentar meu tesão. Carolina sempre , Carolina, agora ela está distante mas tem me dado ás vezes mas sou tão puritano que nem conto essa parte no meu romance. Carolina tem vindo todas as segundas quando o marido sai pra trabalhar. Acordo de amanhã ela entra pela porta e coloca a boca no meu pau logo fico animado e ela diz com dengo - benzinho temos de ser rápidos sabe como são as coisas fico mal falada o bairro é pequeno a cidade também. - Tudo bem, guria, nada que Artur Weber não possa dar um jeito com ela o clima é diferente me lembro de quando erámos jovens, mas seus lábios continuam os mesmos seu rosto um tanto flácido, mas quando está bem arrumada nem se percebe os pés de galinha pequeninos, quando ao rabo - perdoe-me Carolina mas  preciso narrar tem um rabo de matar, quando erámos jovens ela era magrinha e pura, talvez eu fosse o puro nessa jogada.  Dia de pagamento vou chamar Lennon para irmos ao centro da cidade, de repente encontro uma foda boa. uma mulher que não seja noiada, drogada. Odeio viciadas que se prostituem para manter o vício, esse vício consegue acabar com todos os talentos de um ser humano até mesmo o talento de ser gostosa e fuder bem. - Mas quando penso no lado social dessas questões lembro-me dos velhos tempos de professor, vi muita gente ir embora e de certa forma, minha culpa é um peso. Se é que existe tal culpa consiste em não ter podido fazer nada. Mais dia menos dia Carolina vem me ver e uma notícia pode mudar minha vida. Carolina, André e eu temos muito em comum estamos presos ao passado.
Tomei a rua princial e logo vi Lennon que esperava por mim. - como vai professor Weber ? - Lennon você sabe que minha reputação é uma merda e ainda me chama de professor Weber, já tinha me esquecido da última vez que me chamaram assim.
- Cara tenho um trampo pra você e eu
- To pela hora da morte cara, meu seguro desemprego acabou, gastei todo meu dinheiro indenizando uma puta desgraçada antes de vir pra cá. Fora as despesas com esse romance que não sai.
- E trabalho pesado, aguenta firme Weber?
-  Olha pra mim, tenho escolha, cara.
- O serviço e limpar telhados, uma amigo comprou uma máquina e precisa de gente. Te indiquei, tudo bem ?
- Disse pra ele que tenho quarenta anos Lennon? - Disse ele não se importou, pois, não pode contratar dentro da lei, de forma que é um bico, cara.
- Sendo assim, vamos nessa, o que tem pra beber hoje?
- Trouxe uma garrafa de tequeila.
- ARRIBA!
Me apresentei na segunda feira no local marcado junto com Lennon para trabalharmos - pensei puta que pariu ! cheguei cedo demais que centro de macumba é esse. Na porta da firma me atente um garoto cheio de papo me mostrando o material e dizendo como guardar e cuidar dos equipamentos. Fiquei calado, não era momento pra orgulho e daquele lugar imundo não saia até resolver meu problema e terminar meu romance. - Já se passaram quarenta anos e eu continuo o mesmo que merda, penso eu. - Quando estou fora daqui sou um sujeito interessante e interessado, aqui onde nasci e me criei ás vezes me sinto como um merda. Na verdade me tratam como merda, disso eu sei, também acho todos eles um bando de merda. Mas não sou tão mau educado como a maioria, nem me acho superior embora pudesse querer ser, mas minhas perdas não são materiais e meus ganhos também não o são. Num lugar como esse se não fizer o jogo deles te degolam, dessa vez eu estou pronto pra fazer o jogo.
- Pode deixar, farei tudo certo.
- Não dá mole não, hein, tio, tem de subir em cima das casas.
Dei as costas para aquele moleque e ignorei.

O dia foi duro e minhas costas dóiam muito . Em casa tentei redigir mais uma página  me deparo com pensamentos nebulosos, me desprender totalmente do mundo por um sonho é loucura. - Será que estou louco? - Me pergunto interessado, entretanto quanto mais pergunto mais fico na dúvida e chego a conclusão que se for para o bem da civilização e até mesmo para o bem desse romance  me declaro louco. Ainda tenho um pouco de dinheiro e vinho na geladeira. Depois de tomar um litro de vinho barato minha cabeça está leve e posso durmir sem presságios, sabendo que amanhã tem telhado para lavar. Meu patrão é um babaca, ignorante e avarento ter consciência disso me diverte - um garoto de vinte anos que deve ter um orgasmo quando sente o ronco do motor de seu carro tunado. Risos.  - Ding dong! A minha porta bate, berros! - Weber ! Lennon levou vários tiros nos córneos está morto. - Corro e atendo é o meu chefe atônito, pálido, bem na minha frente. Naquele momento me senti mal tinha pena do meu patrão e ao mesmo tempo estava nervoso por Lennon, aquele a garoto não podia morrer. Pensava. Nunca soube lidar com a morte de forma amistosa, meus pais morreram, meus amigos morreram e agora o único amigo que fiz desde que voltei para esse lugar.  - Me explique por favor ! Lincon, o que houve ? Nós estávamos na praça e de repente houve um tiroteio entre policiais e bandidos que  roubaram a farmácia da cidade e uma bala no peito de Lennon, perdida. Lincon soluçava , nunca tinha visto esse garoto dessa forma. - Vamos garoto, disse em tom imponente, onde está  Lennon? O corpo ou seja lá o que for. Entramos no carro e fomos até o Hospital da cidade.