terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

De volta pra casa!

Depois de tanto escândalo desisti de tudo e pus-me a pensar na vida. Voltei pra casa, fui pra minha cidade natal de origem pequena e escrota, não que gostasse daquele inferno, mas talvez pudesse voltar a escrever; uma vez que desde o incidente com Jerusa e minha ida rápida á São Paulo não me trouxe desejo de voltar a escrever, fiquei seis meses vagando, ora aqui , ora ali, de bar em bar e a cada bar uma história e um amigo pra contar meu vomito, gastei parte do meu aviso como um filho pródigo sem herança, hospedava em hotéis baratos e perambulei de pensão em pensão, um belo dia tomei um ônibus e voltei pra casa, era inevitável. A velha casa ainda estava lá, não devia haver parentes. Cheguei naquela velha rodoviária, estava tudo diferente mas ao mesmo tempo tudo igual, como se tivesse deixado parte de minha vida pra trás, meus estômago grunhiu (...) uma espécie de náusea toma conta de meu ser, me sinto estranho onde nasci,cresci e vivi por vinte e poucos anos, de certa forma. Sempre fui um estranho. Esse sentimento poderia castrar meu romance, procurei pela antiga casa, descobri que meus tios moravam lá, resguardavam minha herança dois senhores,uma senhora de sombracelhas fechadas e olhar digno; um senhor um tanto safo, estilo malandro nos anos vinte, me receberam bem (...)meus tios, afinal? mal os conhecia, mas meus pais eram muito ligados a eles,desde que fui morar em outras cidades e fazer da minha vida um retiro, um refúgio. Meus pais e meus tios não se desgrudavam, sempre mandava dinheiro para ajuda-los, afinal não precisava de muito, nunca precisei de muito. Era inverno, o inverno daquele lugar me dava caláfrios, pensamentos insânos passavam pela minha cabeça, o passado e o presente remontavam como um quebra-cabeça em pedaços, já era tarde, acomodei-me em meu antigo quarto, dei boa noite aos meus tios, e pus-me a pensar (...) - Será que ainda conheço alguém nesse lugar? Aquele bar de rock n roll, será que ainda existe? Sou um velho perto dessa turma, depois, não há mais música como antigamente, todo coroa diria isso (....) - Puxa, me sinto um velho (Risos). Ainda mobíla antiga de quando eu deixei o bairro, a casa a cidade. - trouxe minha tralha, vou trabalhar, este local é ótimo para escrever meu livro, meu romance perdido. Penso comigo mesmo quase que em voz alta - Hoje estou muito sarcástico, será que não poderia escrever algumas páginas - Bom meu caro Weber, digo em pensamento, vamos ver ... vamos ver. toc-toc ... Alguém bate a porta, deve ser meu tio, o que o coroa quer uma hora dessa, me pergunto. -Entre, como vai tio Mauro? Precisa de alguma coisa? Nada ... nada meu sobrinho, Só quero tomar uma cachaça que um amigo produz em larga escala em seu alambique bem próximo daqui, vamos lá! a véia costuma me censurar com a birita ... sabe! ri-ri-ri. -Tio desde que te vi soube que não era fácil, seu malandro, mas desde que cheguei aqui ainda não tomei um porre, acho que o senhor acabou de ter uma boa idéia. Me da dessa cachaça! nos servimos com alegria, não há maneira mais tranquila de se aproximar de alguém do que oferecendo-lhe um porre, esse tio malandro entendia das coisas, pensei comigo. - E então o que é isso, ta escrevendo ? Pois é deixei de ser professor mas ainda tenho manias. (risos) - Seu moleque, lembra de quando tiha uns dezoito anos e só arrumava confusão? - Tio que saudade! e a rapazeada, os caras, o André ? Carol? O bodim? - O André se tornou sacerdote, filho, foi embora logo depois de você. E a Carol aquela garota está casada, mora a dois quarteirões daqui. Você era ligado nela garoto eh...eh...;disse o coroa rindo entre os dentes. - E ela em você, namoraram e tudo mais. Puxou o tio ! - apesar das informações o coroa me divertia, ele falava de modo despojado, e largado como se fosse um jovem de vinte anos de idade no cio. - Casamento e tudo mais ... hein tio? como ela está hoje? Gorda, teve filhos, hein diga tio? - tomei mais um goló daquela cachaça que me desceu ardendo parecia intricar minha faringe e derreter meus pulmões e estâgo como se fosse um veneno pra curar ressaca, mas mal tinha começado a beber, e devia terminar, depois não se faz desfeita a ninguém que lhe convida á secar uma garrafa, isso é raro nos dias de hoje. - Tá curioso garoto? veja com seus próprios olhos, caralho, ela tem um cuzão! ficou mais gostosa depois que pariu (...) e o filho da puta do marido ainda tem fama de corno. Conheçendo bem a carol de vinte poucos anos atrás é difícil pensar como meu tio, mas as pessoas mudam, tudo muda, também não era esse canalha que sou hoje, naquele tempo, acreditava em final feliz e tudo mais, quem sabe isso não aconteceu com ela. (pensei em silêncio, não ia dar bandeira pro coroa) - Mas diga tio, como assim, como você pode dizer isso? e o que dizem ou é o que realmente acontece? - Ah meu filho, a voz do povo é a voz de Deus. Esse lugar realmente era ridículo, pena que em todos os lugares da face da terra os julgamentos são sempre fadados a moralistas de merda, esse meu tio é um putanheiro, vivia na esbórnia, mas que língua ! - penso em silêncio. - Hum entendo tio, mas diga mais sobre a parte em que ela está gostosa, esquece o resto. - vamos lá, uma pro santo primeiro, glup! bebemos e o coroa me descreve Carolina, Carol. - Ela tem um rabo, anda de mini-saia é atração da rapazeada da praça, quando ela passa o perfume fica pra trás e aquela buzanfa gostosa aquele par de peitos ... - Nese momento meu pau começou a ficar duro, pensei comigo, vou ter que ver essa mulher, não pode ser a mesma magrela que eu (...). - toma mais um golé rapaz sua tia tá dormindo, vamos secar isso, vamo! rápido, anda meu filho, aqui é bom pra esquentar o peito arghhhhhhh! - realmente meu tio Mauro é uma figura. Um tanto falastrão, exibicionista, mas uma figura peculiar. - Tio qual é o bar mais próximo? ahhhhh é sou o irmão mais novo de sua mãe, tenho quase sua idade, vai perder pra mim seu viadinho! arghh. - Isso é o que vamos ver, vamos á um bar acabou a cachaça e não quero parar, sua bicha mentirosa. - Moleque era menino quando você mijava na calça e eu já tomava uma branquinha rsrsrsrs. - vamos pro bar tio, anda, deixa de papo. - Só se for agora, caso contrário não me chamo Mauro Weber o comedor eh... eh... eh... - Meu caro Mauro Weber, vou falar com o senhor, o mundo mudou um pouco, com esse machismo exacerbado o senhor mal mal dá uns pega na tia. -Não fala da minha velha, ela é diferente rapaz. - Não dizendo, Machista! as mulheres vão correr de você. - Cala boca, tenho mais cabelo que você e nem aparenta que sou quinze anos mais velho, meu topete ainda lembra o do Elvis. -Por um lado tio, foi uma pena ter saído tão novo de casa e ter convivido tão pouco contigo, poderíamos ser grandes parceiros.( risos). Ainda sou seu tio, se comporte garoto. - Saímos bêbados á procura do primeiro bar que aparecesse aos nossos olhos. Pela manhã, sofrido por uma ressaca infernal, abatido moralmente e psicológicamente, não continha tristeza em meu coração. Pensei que fosse momento de peregrinar novamente. Mas não ! não sem antes ver Carolina, meus antigos colegas e vir fazer o que devo fazer (ESCREVER). Faz meses que não escrevo, isso tem me deixado angustiado, preciso me desprender de tudo para voltar a ter inspiração. Fico perplexo as vezes como comportamento humano é estranho e ao mesmo tempo cheio de culpa, me silto culpado por algo que não fiz, pela minha existência, por olhar ao lado e ver a vida, as flores que outrora enredam minha relação de amor e ódio á vida. Hoje, contudo, nada me toca, quero chorar e meu coração não contenta com esse sofrimento. Não consiguo chorar, muito menos esboçar reação, fico parado na varanda olhando o sol queimar meu rosto pela manhã, saboreando a vida e sua contradição bela - Se por um momento pudesse viver nessa órbita metafísica que é o tempo, o tempo passa para todos nós, mas sinto cada instante como se fosse uma intolerante sucessão, nada pode agradar um homem de meia idade com tantas indagações - Penso alto, um velório, a vida seria um velório feliz ... logo em seguida censuro a mim mesmo pela ousadia de meus pensamentos, mas logo, relaxo e penso na bebedeira seguinte e nas anteriores, sei que isso pode me matar. (risos) viver na aresta do pensamento é estar assim próximo da fronteira de colizão, longe dos governos e das decisões insadecidas, mas perto de uma força bruta que lhe faz sempre reeguer e ouvir o coração - A bebeira rendeu bons frutos, esse estado deprimido e a relfexão sobre a vida pode ser um caminho, para enfim, voltar a escrever.