sábado, 15 de maio de 2010

Romance 6 ( VOLTO A ESCREVER).

Com os olhos úmidos depois de uma farra ponho- me a escrever, mas desta vez, em folhas de cardeno. Vou fazendo esboços como um professor - Como sou infantil, nem mesmo Professor sou mais - como sou infantil. A noite engasgada em meio peito, só quem sente isso pode descrever e escrever... são coisas desta vida! São coisas do tempo. Me lembro de uma antiga canção que dizia - "O tempo passou para nós que somos jovens" - Se deturpo a letra da canção não é por maldade e sim, por necessidade. Me ilude a idéia de responder a vida com questões simples e puras como nossos Doutores sempre fazem, me ilude ganhar dinheiro e sentir riqueza numa vida de momentos. Posso parecer pessimista; sei que a vida é única, mas as vezes é um fardo em que o peso de carrega-lo por si só pode lhe fazer herói ou vilão de si mesmo. Já é tarde, voltei a escrever, as lágrimas corem em meu rosto pois quem sabe um dia termino a paródia de um romance, esse romance que não tem enredo, nem que; nem pra que! - Não passe por aqui! a dor pode ser demasiado violenta mas se queres vencer a dor -acredite em mim- atravesse essas páginas e escreva tua vida, tento fazer isso, agora sozinho, sem tio Mauro, nem minha tia nojenta pra nos irritar. Boa noite, não tenho o que escrever ... só consegui isso e é muito por hoje. Boa noite!


Durmo durante todo o dia acordo sempre as 4:h.00Minutos, meus tios pensam que sou um vagabundo, tio Mauro já não anda essas coisas comigo, mudou muito desde que decidi escrever e resiginei-me a pensar na vida, desde então sou um solitário em uma casa confortável com dois senhores dignos de muito respeito, inclusive minha tia, que reclamou muito por estar pevertendo seu marido, o velho me adora; e eu gosto de suas estórias, além do que ele tem uma ótima cachaça. Mas preciso de sobriedade ou de alguma conexão maior para escrever - peguei uma folha de caderno e fui a praça, lá pude entender ... tudo tão diferente, o tempo mudou mesmo, começo a escrever - A primavera o verão as crianças os adultos, os brinquedos, já é Maio, faz quase um ano que deixei a vida segura e obssesivamente pus-me a escrever esse Romance, pus-me a pensar, queimando pestana por alguns minutos, vi uma luz no fim do túnel, era uma visão do novo, algo extraordinário que só poderia tocar corações sensíveis e honestos como o meu naquele momento. Uma criança com uma pá cavando a terra, quanto mais ela cavava mais se contorcia e dizia - Mamãe vamos achar o tesouro? Um tesouro, tudo o que essa criança poderia querer, um simples tesouro. Desvenciliei-me por alguns minutos, volto a escrever sobre esse ato de cavar o tesouro.

Quando passa por mim uma mulher linda, gostosa, aparentemente da minha idade ou um ano mais nova, salto em sua direção - Carolina! é você ? - Ora se não fosse , eu, quem seria então?
- Se te disseste que há vinte cinco anos espero esse reencontro.
-De repente ela chorou - Weber porque ... Weber... tudo aquilo, tudo que passamos juntos, sempre estive contigo, e o que aconteceu? - Não podemos falar sobre essas coisas outro dia. - O que faz aqui? Soube que era um renomado Professor, nunca pensei que estivesse nesse lugar.
- Não quero falar sobre isso, tudo tem um motivo. -Quero saber sobre André, diz Weber. -André se tornou um sábio eremita de uma linda religião, mas ele tem muita sabedoria, vive meditando se tornou um sacerdote, não é fácil vê-lo. Quero ter com ele a qualquer custo, nem que custe minha vida. - E esses papéis Weber? Estou escrevendo um romance mas ás vezes penso que o romance escreve a si mesmo, estou sendo impelido a fazer coisas que não faria e não escreveria se não fosse tudo isso! - Não entendo nada do que você está dizendo, aliás, nunca entendi. Você sempre foi tão prudente e ao mesmo tempo tão sem pudor. Nunca pude decifrar ... Ás vezes pensava em como podia lhe aturar com tantos altos e baixos. Mas me pergunto você podia trabalhar na usina local, ter uma família, um salário, se casar , ir a praia, como nós fazemos!
Mas sempre quis estar acima de tudo , da moral, da lei, de si mesmo, quando soube que conseguiu o que queria, fiquei muito feliz! Mas agora - escute, Artur, por favor! Você voltou a estaca zero é um derrotado, nunca pensou nisso?
- Cale a boca! sua vida de faixada sempre foi o mais importante e o que tens? Um marido um filho, uma casa, sempre se importou com essas coisas mais do que com seus próprios desejos o opróbrio de sua existência - Nunca me queixei disso Carolina fazia amor contigo por prazer, e quando te chamava de minha égua carinhosamente, estava sendo bruto e ao mesmo tempo carinhoso, mas não podia me casar, não quero está no lugar de marido de uma mulher que pensa em se dar bem sempre, por mais linda e gostosa que seja. - Seu escárnio de gente! você é humilhante, patético.
- Esse patético humilhante, quer te ter de quatro novamente e poder te chamar e égua gostosa!
-puxei-a pelo braço, como um solavanco e disse: Aguarde e será minha.

Meu dia começou ensolarado pois Carolina saiu com tanta raiva e ao mesmo tempo com um olhar químico penetrante, parecia querer que a comesse ali mesmo, pelos velhos tempos.
No meu caderno faço algumas anotações e começo a imaginar... chego a conclusão que a diversão é parte da festa.