sábado, 2 de agosto de 2008

Pesadelo III

Noite fria. Trevas uivantes, um asqueroso temporal de sentimentos se confundem, como um abismo dentro de um ser falido. Quanto mais o vento corta meu rosto mais enfurecido fico, minha angústia é um personagem real, dança com minha consciência, baila com a culpa e degola o desespero. Nesse diálogo moral, muitas vezes agressivo, meu organismo se degenera como maçãs podres a derrocar o álcool de outrora.

Se estiveres vivo? Pergunto eu – é uma questão de tempo. Aquela alma peremptória estirada ao meu lado era só mais um entre outros, entre muitos.

Que pesadelo horrível! Não podia acordar, não queria acordar, e quanto mais eu sonhava meus intestinos se abriam como um buraco negro, era mesquinho e mordaz aos meus instintos. Duas paredes se tocavam. Eu tocava o rosto de daquelas paredes, não podes imaginar quão horripilante fora pra mim.

Eu sentia o perfume doce das rosas queimando em meu corpo, meu sangue salgado ardia em um furor absoluto, ergui meu ombro esguio e rachei a cabeça de um padre com um golpe de machado, enquanto seu sermão não me tinha serventia. Deliciei seu sangue ruim em seu crânio como taça. – Um vinho dos Deuses, gritava. Após tal alvoroço fui-me deitar com as prostitutas da cidade. Pois em noites frias, minha virilidade e minha sede por sangue aumentam. Quando, pois perguntarem quem foi capaz de tal alvoroço diga-lhe: um andarilho inconsciente, tal; Artur Weber.